Na última assembleia de acionistas da Cofina, a holding portuguesa que supervisiona um dos mais influentes conglomerados de mídia da Europa, o Altri, foi concedida aprovação unânime para a fusão da Cofina Media com o Expressão Livre. A Cofina Media, um dos braços do conglomerado de capital aberto que investe em outros setores, é dona de importantes veículos de comunicação portugueses, como os jornais Correio da Manhã e Jornal de Negócios, a revista Sábado, o diário esportivo Record e o canal de notícias por assinatura CMTV. O Expressão Livre, por sua vez, é uma aliança de investidores que reúne alguns dos executivos mais eminentes da própria Cofina, além de outros investidores autônomos, incluindo Cristiano Ronaldo.
Na reunião ocorrida na quinta-feira (26), a maior parte dos acionistas votantes da holding controladora endossou a operação, que resultou na cessão de 30,3% do capital social da Cofina Media para um veículo de investimento constituído pelo craque dos gramados e demais membros do consórcio, segundo divulgação feita à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Portugal.
O negócio foi arquitetado pela liderança da Cofina, seguindo a estratégia de aquisição conhecida como ‘management buyout’ (MBO), onde o Expressão Livre, tendo Ronaldo como seu sócio mais famoso, desempenhou papel central. A extensão da participação dele no grupo não foi divulgada.
Embora o montante envolvido na transação – €56,7 milhões (R$ 297,7 milhões) – possa não ser relevante no contexto financeiro de Ronaldo, que está cada vez mais perto de atingir o patamar de bilionário em dólares americanos, é um marco importante no setor de mídia de Portugal e também no mercado de capitais do país. A propósito, a única outra pessoa de nacionalidade portuguesa a deter o título de bilionária em dólares é Maria Fernanda Amorim, viúva do magnata Américo Amorim, com fortuna estimada em US$ 5,1 bilhões (R$ 24,9 bilhões) pela Forbes.
Com ganhos de carreira ultrapassando US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) em termos brutos, Ronaldo possui um patrimônio líquido estimado em cerca de US$ 700 milhões (R$ 3,4 bilhões). O astro de 38 anos, que é o jogador de futebol mais bem pago do mundo, acumulou US$ 136 milhões (R$ 665 milhões) antes de impostos no período de doze meses, até maio desse ano, com US$ 46 milhões (R$ 224,9 milhões) provenientes de seu contrato com o clube Al-Nassr, da Arábia Saudita, e o restante de atividades fora dos campos, conforme igualmente estimado pela revista americana.
Vale lembrar que atleta já tem um certo histórico com a Cofina Media, porém mais pautado por atritos. O maior goleador de todos os tempos, quando jogava na Europa, vira e mexe se estranhava com repórteres do Record que o cobriam, e em 2014 até criou uma saia justa durante uma coletiva, quando se esquivou de conceder uma entrevista ao vivo para um apresentador do CMTV (veja vídeo abaixo) afirmando que não se sentiria confortável para fazê-lo, dado que na época disse sequer conhecer a estação. Talvez essa nova fase do provável futuro bilionário, quase uma década depois do episódio constrangedor, pode ser uma virada em sua notória relação de altos e baixos com a imprensa.
“CMTV? O que é isso?”