Falado no país inteiro por causa de seu personagem na novela global das 11, o ator Rodrigo Lombardi ensaia sua volta aos palcos em breve, não se deslumbra com a fama e garante: com ele não tem tempo ruim
Por Márcia Rocha e Caroline Mendes para revista PODER
Fotos Maurício Nahas
Stylist Renato Souza
Quando botou os pés nos estúdios da Rede Globo pela primeira vez, Rodrigo Lombardi ficou maravilhado. “Eu olhava para aqueles grids de luz e ficava impressionado, nunca tinha visto tanta luz”, relembra o ator paulistano de 38 anos, hoje com dez anos de casa e nove novelas no currículo. Na época, estava acostumado com os perrengues que enfrentava com o Tapa, grupo de teatro carioca sediado em São Paulo que o acolheu alguns anos depois de começar a fazer teatro amador com amigos, em meados dos anos 1990. “A gente costumava dizer que fazia ‘teatro a vapor’. Tinha de se virar, fazer tudo o que ia entrar na peça, o que nos deu um entendimento muito grande da profissão. Na Globo, eu via que muitos que entravam em cena comigo não sabiam o valor daquela estrutura toda, a grandiosidade daquilo”, lembra.
A paixão de Lombardi pelo palco começou cedo, quando ainda estava no colégio e participava de um grupo de teatro amador com amigos. Depois de concluir o ensino médio, viajou para a Califórnia, nos Estados Unidos, para fazer um intercâmbio e acabou se esquecendo dos palcos. “Quando voltei para o Brasil, reencontrei a moçada, continuamos no teatro e eu comecei a fazer meus primeiros comerciais de televisão. Foi um período meio Triângulo das Bermudas na minha vida, não me lembro muito bem dessa fase porque tudo aconteceu muito rápido.” Quando se deu conta, estava fazendo testes para uma novela na Rede Bandeirantes, “Meu Pé de Laranja Lima”, que acabou sendo seu primeiro trabalho na telinha, em 1998.
Mesmo com as coisas começando a dar certo para ele, a situação financeira de sua família era bem complicada. O pai, que era representante comercial, não apoiava a escolha profissional do filho e insistia para que ele abrisse seu próprio negócio no ramo de varejo de moda. “Eu não ganhava dinheiro, não podia ajudar em casa e isso me magoava. Nos primeiros sete, oito anos de carreira, tinha feito meia dúzia de comerciais, uma peça e uma novela, basicamente. Pensei em desistir, desisti várias vezes, aliás, trabalhei em escritório, restaurante, fiz de tudo.” Em uma das vezes em que jogou a toalha e ia abandonar o Tapa, um dos professores do grupo, Brian Penido, ofereceu um trabalho para ele no Teatro Aliança Francesa, sede do Tapa na capital paulista. “Ele me deu uma vassoura e falou que a partir daquele dia eu ia trabalhar no teatro e eles iam me pagar um salário com a condição de que eu continuasse fazendo todas as aulas.” Teve uma época em que ele atuava em quatro sessões de peças infantis por dia, de segunda a sexta-feira; fazia o trabalho de contrarregra para as peças do Teatro Aliança Francesa de quinta a domingo; e limpava o espaço depois que o espetáculo terminava. “Trabalhava muito. Foi a primeira vez que perdi a minha voz, que me machuquei… Entendi meus limites e aprendi muito.”
DE BEM COM A FAMA
Um dos grandes turning points da carreira de Rodrigo Lombardi – talvez o maior deles – foi a novela global “Caminho das Índias”, em que ele deu vida a Raj, indiano abastado que disputava o amor de Maya (Juliana Paes) com Bahuan, interpretado por Márcio Garcia. Com o passar dos meses, o público foi se encantando com Raj, que inicialmente era um personagem secundário na trama de Glória Perez em comparação ao protagonista Bahuan, o que acabou mudando os rumos da novela. “Alguns falam que detonei o Márcio Garcia, mas você só detona quem concorre com você, o que não era o caso ali. Esse tipo de mudança de roteiro é uma coisa que pode acontecer a qualquer momento e, na época, a pessoa que mais me fez entender isso foi o próprio Márcio. Ele foi muito generoso comigo, somos amigos até hoje, aliás”, garante.
Atualmente, Lombardi está no ar em “Verdades Secretas”, novela das 11 em que vive Alex, um empresário sedutor e de caráter duvidoso. Depois de aparecer nu, de costas, em uma cena ao lado da modelo Alessandra Ambrosio, Lombardi viralizou nas redes sociais. Tímido, fica meio sem jeito de falar sobre o assunto, mas já está acostumado com o assédio, que, garante, é muito maior quando está no ar. “Não deixo as pessoas invadirem momentos sagrados para mim. Tento manter distância e, se a pessoa for muito invasiva ou mal-educada, simplesmente saio de perto”, diz. Mas o ator se diverte com os fãs. Uma vez, estava no food truck de Roberta Sudbrack, no Rio de Janeiro, e foi abordado por uma mulher que saiu do fim da fila e fez um pedido inusitado. “Ela chegou e disse: ‘Posso pedir uma coisa?’. Eu já estava abrindo o braço para tirar uma foto quando ela me pediu uma mordida do meu cachorro-quente”, lembra, rindo.
Quando a conversa vai para o terreno do que ele planeja para o futuro, Lombardi reafirma sua paixão pelo teatro. Está planejando uma viagem de imersão para Londres, onde pretende passar os dias de teatro em teatro, e, recentemente, comprou os diretos autorais de uma peça ainda sem data de estreia – e que ele não pode revelar qual é. Também está fazendo testes para um musical, provando que, como dizem, dança, canta, representa e sapateia – literalmente. Arriscando uns passos para a produção da PODER, ele entrega: fez dez anos de sapateado.
Cabelo: Marcos Padilha; Maquiagem: Alê Toledo; Assistentes de fotografia: Caio Toledo, Gabriel Golizia e Vitor Garcia
[galeria]3014391[/galeria]