Tenha paciência para esperar senhoras de mais idade desembarcarem dos carros, prepare seu melhor look, mesmo que o vestido seja mais apropriado para um casamento e o sapato aperte ao ponto de não conseguir chegar à mesa… E antes de sentar, aproveite a promoção do combo de vinho espumante em que a garrafa varia de R$30 a R$120 servido em taça de plástico para evitar problemas com os mais empolgados, e eles são muitos. Ir ao show de Roberto Carlos é – e sempre será – um aguardado momento que perdoa até determinados excessos.
Esse final de semana, o cantor estreou a temporada paulistana da turnê 2018 com dois shows no Credicard Hall e mostrou que continua em alta com as mulheres – e com os homens que se aventuram neste mundo feminino. Com um terno azulão, quase roxo, ele surpreendeu a todos quando estava cantando “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno.” No final parou e disse: “Não é que a terapia está dando certo?” e emendou: “E que tudo mais vá pro inferno.” Lembrando que ele sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e que por muitos anos não pronunciou palavras negativas.
Roberto é simpático, conversa com o público, mostra intimidade e ainda é ovacionado como galã. Entre suas falas, sempre sobressai um grito da plateia: “Te amo”, “Casa Comigo, “Olha pra mim”, e assim vai…
E não poderia ser de outro jeito, o rei é um conquistador incorrigível, exalta as mulheres em todas as oportunidades. Durante a música “Desabafo”, em que a letra traz versos como “Você é mais que um problema / É uma loucura qualquer / Mas sempre acabo em seus braços / Na hora que você quer”, ele para e, para delírio das fãs, solta: “Não somos nós (homens), são elas que escolhem, na hora delas e quando elas querem.” Depois emenda duas canções em que ressalta a beleza feminina. A primeira é “Chegaste”, que gravou com Jennifer Lopez: “Acreditam que além de tudo ela ainda canta?”, e também sobre a primeira música da carreira feita sob encomenda, “Sereia”, a pedido de Gloria Perez para a personagem Ritinha, de Isis Valverde, na novela “A Força do Querer”: “Quando a Gloria (Perez) me pediu a música respondi que nunca tinha feito nada assim, que sempre escrevia as minhas emoções, mas quando soube que era para a Isis Valverde, em cinco dias a canção estava pronta”, contou Roberto.
A plateia é democrática, tem famosos, socialites, casais apaixonados, mas as senhorinhas ainda se destacam. Na hora da “Nossa Senhora” as mãos se levantam em prece e elas quase choram. Os celulares estão a postos, mas ali o público ainda prefere guardar as lembranças na memória.
Apesar de todo o amor por ele, a impressão é que todos estão ansiosos pela entrega das rosas e ele não decepciona mais uma vez. Vai de um lado para o outro do palco, olhando nos olhos e distribuindo as flores, que até a nossa repórter não resistiu e saiu de lá com a sua. Vida longa ao Rei! (por Fernanda Grilo)