Por Paulo Sampaio para a revista Joyce Pascowitch de janeiro
Ao lado de seu quinto marido, o administrador Eder Luiz Pedrosa Veneziani, o Edinho, 52 anos, a socialite Helena Mottin explica porquê nunca adotou o sobrenome de nenhum deles. “Uma mulher que gosta de se casar como eu não pode pensar em mudar o nome. Imagina a trabalheira!” Ela começou cedo, aos 18, casando-se com o empresário Bento Carlos de Arruda Botelho, descendente do “conde do Pinhal”, com quem teve seus três filhos – duas meninas, Maria Antonieta e Maria Helena; e um menino, Bento Carlos. Aos 38, já era avó. Adora os netos, mas diz que ser chamada de vovó não foi algo que produziu nela “uma alegria intensa”. Bento pai morreu depois de “ir pifando”: “Pifou uma coisa, pifou outra, ele foi”. Com cada um dos dois maridos seguintes, ela viveu cerca de sete anos; e então bateu o recorde com o quarto, o empresário João Paulo da Costa Aguiar: o casal passou 17 anos juntos. “Ele era amigo do meu irmão mais velho, me conheceu quando eu tinha 5 anos de idade e se apaixonou. Diz que eu o atropelei com meu velocípede.”
Com Edinho, Helena está casada há 12 anos. Agora, diz ela, “é forever”. Os dois afirmam que nasceram um para o outro – com uma diferença de mais de 20 anos. Logo no começo do romance, ele se mudou para o apartamento dela. “A Helena sempre me diz: ‘Ah, por que eu não te conheci antes?’. E eu respondo: ‘Não ia rolar. Quando eu estava com 30, ainda tinha muito para experimentar. Com 40, eu já pensava em sossegar’.” Nascido em São José dos Campos, duas ex-mulheres, uma filha com cada, Edinho chegou a ter três casas noturnas na cidade. Atualmente, trabalha com imóveis. Notívago assumido, diz que adora sair para jantar, encontrar amigos e dançar. “Quando eu era mais novo, pedia a Deus para me casar com uma mulher que tivesse muitos amigos, para não precisar ter esse trabalho [de conhecer as pessoas]”, conta ele, sorrindo para Helena, a “mulher com muitos amigos”.
Aniversário com Pelé
Helena é uma figura alegre, falante, gente boníssima. No dia da entrevista, ela aparece sorridente dentro de um vestido St. John preto com o comprimento um pouco acima do joelho e saltos Gucci. Fechado até o colo, o vestido tem um corte nos ombros que os deixa para fora: “É a única coisa que eu tô podendo mostrar no momento”. Ela pega as fotos de seu arquivo, a maioria delas com amigos. Numa, está comemorando o aniversário em Londres, com Pelé e uma turma. “Ele me convidou para jantar”, conta. Nas outras, aparece com Edinho, com as filhas, com Dercy Gonçalves. Seu programa favorito é jantar fora; diz que é muito versátil. “Vou do La Tambouille ao bacalhau do 2424 (no Brás).” A principal companheira em suas andanças noturnas foi, por muito tempo, Hebe Camargo. Durante os dez últimos anos de seu casamento com João Paulo Aguiar, as duas saíam “todos os dias”. “A gente se divertia horrores”, lembra. Enquadrada em um porta-retrato grande de prata, que se fecha como um estojo, está uma foto dela dando um selinho em Hebe no último programa de TV da apresentadora. Proprietária de um Mercedes, Helena o vendeu para comprar o de Hebe. Mas agora quer um novo. Estava só esperando o ano virar, para não ficar com um modelo 2013 em 2014… Gosta de dirigir? “Adoro! Dirijo trator inclusive!”
Enfant de Sion
Carioca de nascimento, única mulher de quatro irmãos, Helena migrou com a família para São Paulo com apenas 1 ano. Ao mudar, seu pai, João Antônio Mottin, fundador da Casa Fracalanza, tradicional fabricante de faqueiros de prata, enriqueceu exponencialmente num negócio de concessionárias de tratores e caminhões. “O que fosse Caterpillar, Mercedes e Scania tinha a ver com meu pai. No interior e lá pelo norte e nordeste todas as concessionárias que começam com “Mo”, de Mottin, são nossas. Movesa, Movepa, Mopará. Eu herdei tudo. Foi minha sorte, né?”, diz ela.
Em São Paulo, Helena morava com os pais em um casarão na rua México, no Jardim Europa; estudou no colégio Sion e costumava passar as férias de verão com a família em Copacabana, “naqueles hotéis maravilhosos da orla”. Sua mãe era austríaca, deu a ela uma educação razoavelmente rígida, o que não a impediu de ser levemente desbocada. “Falo palavrão, sim”, resigna-se Helena, depois de um “pqp” básico. Ela conta que suas duas filhas são completamente diferentes, “bem mais caretas”. Não dizem nome feio e casaram-se apenas uma vez cada. Pediram à mãe para ter cuidado com a entrevista. O problema é que ninguém segura Helena – e ela está longe de ser medrosa. Quando é para aparecer, ela põe a melhor roupa, chama o maquiador, fica bonita e fala o que quer. “Ah, se a gente for se preocupar com tudo, não vive”, diz, distraída. Dona de uma loja de roupas com o nome dela, Helena Mottin oferece a suas clientes cafezinho, espumante e “psicanálise” informal. Além de looks que vão do chá da tarde ao casamento, claro. Ela mesma é uma consumista irrefreável. Seu fraco são bolsas. Apesar da intimidade com as melhores grifes, diz que não gosta dos modelos grandes. “Não tenho mais coluna (vertebral) para carregar. Quando saio com uma Birkin, é de carro, sabendo que vou dar dois passos do desembarque até o local para onde estou indo. Não dá pra ficar batendo perna de Birkin em Nova York.”
Para aplacar as inconvenientes fisgadas na coluna, ela conta com dois fisioterapeutas. “Um vem em casa e me alonga na maca. O outro, que eu chamo de doutor martelinho, me atende na clínica dele. Eu vou, ele me dá umas pancadinhas e solta o que tá preso.” Há 12 anos, quando conheceu Edinho, operou a coluna e colocou três pontes de safena. O namorado um dia comentou bem-humorado que, em um ano, tinha visitado todos os hospitais de São Paulo. Ao lado da TV gigante, no quarto, há uma caixa com um respeitável arsenal de remédios e vitaminas. Helena diz que não é hipocondríaca. “Tomo sempre metade do que o médico manda.” Isso, agora. Na época em que receitavam anfetamina para emagrecer, ela mandava ver. “Ficava tão ligada que acordava às 5 da manhã e arrumava o armário de alto a baixo. Um desespero”, recorda ela, com um timing de stand-up comedy.
Momentos para Esquecer
Helena tem histórias que não acabam mais. As boas e as nem tanto. Quando fala do acidente de moto que levou seu filho, aos 17, ela fica subitamente sombria. “Passei oito anos sem falar disso, mas agora já consigo.” Outro desconforto: as separações. Apesar de ter se casado tanto, sem contar os namoros nos intervalos, ela diz que não vive bem o fim dos relacionamentos. “Aquela cerimônia de saída da casa, com as malas, é terrível. Por mais que você não queira mais”, diz. Entre os momentos para esquecer está um roubo em uma viagem pela França. Ela vinha da Itália, ia pegar um carro que havia alugado em Nice e subir até Paris. Na locadora, num “minuto de desatenção”, enquanto ela e Edinho falavam com o atendente, levaram sua bolsa com 8 mil euros, algumas joias, todos os seus cartões de crédito e respectivos passaportes. “Ficamos sem nada, nem mesmo para provar quem éramos. Por sorte encontrei com um amigo em Saint-Tropez que colocou 10 mil euros no meu bolso e disse: ‘Esquece isso, Helena, aproveita a viagem’. Mesmo assim, não consegui sentir nada diante daquelas vitrines de Paris que eu sempre idolatrei.”
Pilhada x Sossegadão
Na suíte do casal, que tem dois banheiros e dois closets, Helena guarda quatro exemplares da Caras que noticiou a sua festa de casamento com Edinho no O Leopolldo. Passaram a lua de mel em Capri. A última das muitas viagens dos dois foi à China. Estiveram em Pequim, Xi’an e Xangai. Ela divide os três em, respectivamente, passado, presente, futuro. “Perto de Xangai, Nova York é uma província”, compara. Enquanto se produzem as fotos, J.Pconversa com Edinho. O fato de Helena ser tão pilhada reforça ainda mais o tipo “sossegadão” dele. “Nós nos completamos”, diz. “A Helena é competitiva, eu sou zen. Deixo a vida me levar.” Como será que ele reage quando comentam sobre o seu casamento com
uma mulher mais velha e mais rica? “Nunca me senti julgado. As pessoas até podem, sem me conhecer, achar que eu tenho outros motivos para estar com a Helena. Mas no momento em que me conhecem, veem que eu não tenho esse perfil.”
Antes de ir à China, Helena passou uma semana hospedada no apartamento de uma amiga no hotel Pierre, de Nova York. Três suítes. Com os olhinhos faiscando de emoção, ela se levanta para contar como foi a viagem no jatinho do marido da amiga. “É assim”, começa. “Isso aqui é o avião, certo?”, diz ela, fazendo um gesto amplo com os braços, para dimensionar a sala do jato. “A gente caminha (ela caminha), como se não estivesse em um avião, voando. Aí, vem alguém, oferece marrom glacê. Daqui a pouco, doce de maçã diet. Champanhe.” No Pierre, a amiga de Helena tem uma funcionária filipina “que realiza qualquer sonho”. “Você pensa numa coisa, a filipina aparece com o troço para te oferecer.” Enquanto Helena fala, e mexe a cabeça, o som de sua voz é acompanhado pelo tilintar de dois brincos com pingentes de pérolas gigantes. Comprou em Pequim. O colar é tão exuberante quanto. Ela diz que ama joias e tudo o que o dinheiro pode comprar. Só procura evitar grandes demonstrações de felicidade na presença de “gente de olho gordo”. “Acredito muito nisso, ih, acredito mesmo. Quando perguntam como vão meus negócios, digo que estou quebrada, falida, que a crise me derrubou. Sou boba?” De jeito nenhum .
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