Paisagens que misturam vulcões e praias paradisíacas, lendas milenares e cidadezinhas estilo paz e amor. PODER foi até as ilhas havaianas de Big Island e Maui para descobrir o mistério por trás desse pedaço de terra isolado no Pacífico
Por Adriana Nazarian
Há dois anos, Jon Leehr, guia da ilha havaiana de Big Island, tinha terminado com a mulher e estava desempregado. Decidiu, então, ter uma conversa definitiva com Pele. Só mesmo a deusa dos vulcões, respeitadíssima no arquipélago do Pacífico, poderia dizer se o americano, que trocara Nova York pelo Havaí, era bem-vindo. A resposta veio logo, quando Leehr foi chamado pela KapohoKine para conduzir roteiros nas terras de Pele. Fica a dica: uma vez no Havaí, há que se respeitar essa divindade. Diz a lenda que a toda-poderosa mora no Parque Nacional dos Vulcões, o grande atrativo de Big Island. Ali, a fumaça do Kilauea, um dos cinco vulcões da ilha e ainda em plena atividade, sinaliza sua presença.
A visita ao parque oferece caminhadas por crateras, florestas tropicais e pelas lavatubes, cavernas de lava centenárias, museu e gramado para piquenique. A melhor maneira de explorar o local, no entanto, é embarcar em um tour para poucos com um guia que conheça as muitas histórias da região. Um exemplo é a do guerreiro Ohia: apaixonado por Lehua, foi transformado em árvore por não correspoder ao amor de Pele. Lehua ficou devastada. Arrependida, a deusa a fez virar a flor que nasce na árvore de Ohia, unindo o casal para sempre.
A paisagem vulcânica de Big Island está em todo lugar, mas ganha diferentes versões ao longo da ilha. Em Waikoloa, na costa de Kohala, pedras marrons se misturam à areia branca de praias como Anaeho’omalu Bay. É ali que se concentram bons hotéis como o Marriott, comprado por um ex-CEO do Fairmont. Entre os pontos altos, um chef que segue o conceito “farm to table”: as folhas são cultivadas em uma fazenda da região. Quem preferir, pode conhecer os bons restaurantes da vizinhança, Roy’s e Lava Lava Beach Club incluídos, ou alugar uma scooter e seguir para a cidade de Kona.
Reza a lenda que cada ilha havaiana reserva uma energia diferente, referente ao seu chakra. Enquanto a de Big Island emana força, a de Maui chama pela fertilidade – daí a profusão de casais que visitam o local. Seja como for, há mesmo algo diferente no ar. E o próprio aeroporto, todo aberto, com orelhões decorados e sem wi-fi, já anuncia: Maui tem uma essência relax, quase hippie, que deixa todo mundo em êxtase – ou seria apaixonado?
Para começar, nada melhor que assistir ao nascer do sol no vulcão Haleakala. Por volta das três da manhã, empresas como Roberts Hawai seguem para o cume do Parque Nacional de Haleakala – são mais de 3 mil metros de altura – em vans equipadas com café, chás e doces. E apesar do esquema madrugada adentro e do frio de arrepiar, a recompensa é garantida. Em poucas horas, uma bola de fogo nasce no meio das crateras enquanto nativos entoam cantos havaianos. Os mais aventureiros emendam o programa com trechos de bicicleta, cavalgadas na região de Kipahulu e trilhas montanha abaixo.
Cercado por pastos e casinhas bucólicas, o caminho da volta lembra que Maui é praia, mas também pode ser fazenda. Depois de um café da manhã na cidadezinha de Makawao, hora de se jogar no dolce far niente de frente para a praia, claro. A região de Wailea reúne hotéis sofisticados, campos de golfe e restaurantes com pegada gourmet, mas a região de Kaanapali oferece uma experiência mais autêntica. Além da praia paradisíaca com vista para a Black Rock, ponto de encontro dos amantes de snorkeling, hotéis como o Sheraton têm a vantagem de estar bem perto de Lahaina, uma das cidades mais charmosas do arquipélago (considere isso uma vantagem já que nas ilhas havaianas as distâncias demoram horas para ser percorridas). Primeira capital do reino do Havaí, a vila à beira-mar oferece lojinhas, restaurantes deliciosos (Kimo’s, Fleetwood’s On Front St. e Longhi’s, entre eles), galerias de arte e vida noturna efervescente – até as 21 horas, que fique claro. É dali também que saem os passeios de barco para ver as baleias e para ilhas menos conhecidas, como Lanai e Molokini.
Outro passeio que comprova o clima de paz e (muito) amor de Maui é a famosa Road to Hana. Aqui, vale alugar um carro para desbravar as sinuosas estradas da região. O caminho tem cachoeiras, falésias e penhascos à beira-mar, praias idílicas como Hamoa, parques nacionais e a pitoresca cidadezinha de Hana. No meio disso tudo, as casas dos locais carregam plaquetas com os dizeres: “Hawaii is not America”. É, mas de um jeito tão mais cuca fresca e sem neurose que é impossível não sorrir, vestir o lei (colar de flores) e dizer aloha.
* A repórter viajou a convite da Autoridade de Turismo do Havaí.
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