Relação das crianças com o meio ambiente é abordada na sequência ‘O Começo da Vida 2: Lá Fora’, de Estela Renner: “Para muitos, a natureza é distante”

Estela Renner || Divulgação

Nome de destaque do cinema documental, a diretora e roteirista Estela Renner leva temas urgentes para seus filmes

POR CAROL SGANZERLA PARA A REVISTA JP

É impossível sair de um filme assinado por Estela Renner sem questionar algumas certezas e rever certas atitudes. A diretora, roteirista e produtora paulistana é um dos maiores nomes do cinema documental hoje e responsável por levar às telas causas urgentes. Em Criança, a Alma do Negócio (2008), por exemplo, ela discute os efeitos negativos da publicidade focada no público mirim; em Muito Além do Peso (2012), joga luz na epidemia de obesidade infantil.

Foi quatro anos atrás, porém, com O Começo da Vida, feito em parceria com o Instituto Alana e sua produtora, a Maria Farinha Filmes, que Estela ganhou mais notoriedade. O documentário faz um retrato profundo dos primeiros mil dias da criança e mostra a relevância desse período para seu desenvolvimento, assim como a importância do cuidado com as relações humanas e com o meio ao qual estamos inseridos. Agora, a sequência do filme, O Começo da Vida 2: Lá Fora, que estreia neste mês, na Netflix, com produção sua e direção de Renata Terra, investiga a relação das crianças com o meio ambiente e a necessidade do contato com o verde. “A pandemia escancarou a falta de natureza e a desigualdade social. Uma coisa que falo é: nós somos a natureza, não existe uma natureza lá fora. Quando privamos as crianças desse contato, privamos elas do próprio corpo. Espero que o filme ajude a deixar isso claro. Para muitos, a natureza é uma coisa distante.”

A questão ambiental também foi retratada por Estela em Aruanas, série de ficção exibida na Globo em 2019 que mostra a luta de quatro ativistas pela preservação de uma área de reserva na Amazônia ameaçada pelo garimpo ilegal. Quando menina, a diretora cresceu vendo a avó paterna com uma filmadora à mão, registrando seus passos no sítio onde dona Cilú morava, no Taboão da Serra (SP). “Ela tinha o poder da história, da escuta, do olhar”, conta Estela, que foi bandeirante na infância. Já mais velha, percorreu de mochilão o Brasil que não se vê nos cartões-postais e encontrou diferentes realidades. Essas experiências somadas ao mestrado em cinema nos EUA, onde fazia filmes sobre a igualdade de gênero, racismo e o antissemitismo, culminou na diretora que é hoje. “Todo mundo deve exercer o ativismo de onde está. É um processo que acontece no coletivo.

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