Reconfinamento: a segunda onda do coronavírus chega a França e esvazia as ruas de Paris após clima de fim do mundo

por Mario Kaneski*

Os parisienses acordaram em clima de desespero e fim de mundo na quinta-feira passada, após anúncio de reconfinamento feito pelo presidente Emmanuel Macron. Aparentemente os franceses pegaram o carro, sem dúvida para se refugiar em uma casa de campo ou para fazer as últimas compras. O trânsito esteve muito acima do normal desde o início da manhã, por volta das 10h. E chegou a piorar a partir das 11h. Pouco antes das 21h, a cidade marcava cerca de 100 km de engarrafamentos.

Na região de Île-de-France, onde está localizada Paris, a barreira de engarrafamento de 700 km foi ultrapassada, mais que o dobro do que é registrados normalmente. A marca chegou a 734 km em plena hora do rush, muito perto do recorde absoluto de engarrafamentos, que data de 6 de fevereiro de 2018, quando uma nevasca causou estragos na malha rodoviária da região.

Enquanto isso, por volta das 18h30, um pequeno grupo de manifestantes se reunia na Place de la République, local emblemático de protesto na capital francesa. Com o tempo, quase 300 pessoas se juntaram à manifestação durante a noite em uma verdadeira demonstração de descontentamento.

“Manifestação em Paris contra o confinamento. Vários tiros de fogos de artifício no céu. Dezenas de pessoas estão começando a se reunir e convocar uma manifestação selvagem”, revelou um primeiro usuário no Twitter, enquanto outro se perguntava sobre “fumaça negra rachando no céu acima da Place de la République”. Os manifestantes gritaram rapidamente “Todo mundo odeia o confinamento”.

Se as novas restrições enfrentaram grandes críticas, os franceses dizem que estão dispostos a respeitar este segundo confinamento. De acordo com pesquisa do IFOP (Instituto Francês de Opinião Pública) publicada sábado pelo Journal du Dimanche, 72% dos entrevistados pretendem “respeitar uma contenção de pelo menos 15 dias”, contra 14% dos entrevistados que responderam “não, certamente não”.

No entanto, 86% dos franceses se dizem “preocupados” com a pandemia e a crise econômica que se abaterá sobre o país, e apenas 36% dos entrevistados confiam no governo para enfrentar de maneira efetiva a crise ligada ao coronavírus. Hoje, as imagens são de uma Paris vazia, muito distante do tempo em que a Cidade Luz era a mais visitada no mundo com multidões de pessoas caminhando pelas ruas. (*por Mario Kaneski de Moraes, fundador do Estúdio Arara, startup de comunicação e marketing, sediada em Paris)

 

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