Quem assistiu “Downton Abbey” provavelmente sabe que foi durante a Primeira Guerra Mundial que a aristocracia britânica começou a entrar em declínio, o que de uma hora pra outra forçou muitos detentores de títulos nobres a se adaptarem à nova realidade social que surgia na época. Isso foi particularmente sentido pelos donos daquelas casas e castelos enormes que existem por todo o Reino Unido, e que funcionavam como uma espécie de “sede” de certos distritos agrícolas.
Como vários impostos passaram a ser cobrados naquela época, inclusive sobre heranças, muitos desses “lords” foram obrigados a vender partes de suas terras para quitar dívidas com o fisco, e com isso perderam seu principal ganha-pão, que era arrendar essas áreas para agricultores. A suspensão da grana que entrava nas contas causou um efeito “fim de festa” generalizado que, em resumo, resultou na extinção e até na demolição de várias propriedades.
Mas várias conseguiram sobreviver aos tempos bicudos, com destaque para as três que Glamurama apresenta a seguir e cujos herdeiros dos fundadores precisaram “socializar” com reles mortais para manter viva um pouquinho da própria história. Confira:
Fingask Castle
Construído em 1594, fica em Perthshire, um condado tradicional da Escócia. Foi palco de festas chiquérrimas em seus melhores anos, o tipo de comemoração que ninguém sem pedigree entrava. O rei James VIII e o escritor Walter Scott estiveram em algumas. Quando a diversão acabou, o jeito foi transformar o castelo em espaço para casamentos e outros eventos. Em 2003, seus donos também tiveram a ideia de criar um mural ao lado da escadaria principal no qual qualquer um pode ser retratado, desde que desembolse £ 2 mil (R$ 9,2 mil) pela honraria. Precisa dizer que é um sucesso?
Great Fulford
Aberto em 1530, ocupa um terreno com mais de 1,2 mil hectares em Dunsford, no sudoeste da Inglaterra. A casa principal tem 2 mil metros quadrados, o que inclui um salão de festas adicionado à construção original em 1690. Seus donos afirmam que hoje em dia precisam de pelo menos £ 20 mil (R$ 91,6 mil) por ano para manter a casa em ordem – literalmente. Eles levantam o dinheiro alugando a propriedade para festas de todos os tipos, e até para reality shows: Francis Fulford, herdeiro dos fundadores, abriu as portas do château há 15 anos para um canal de TV inglês que queria simplesmente mostrar ao mundo o dia a dia dele no local.
Burton Agnes Hall
Terminou de ser erguido em 1598 em Burton Agnes, na histórica East Riding of Yorkshire, norte da Inglaterra, para atender o objetivo de seus donos: ter uma casa imponente para receber os amigos e viver em luxo com eles, o mesmo de todos os aristocratas da época. Hoje em dia, requer £ 250 mil (R$ 1,14 milhão) anuais em custos de manutenção, cifra que seus donos se viram nos trinta pra conseguir, seja cobrando ingressos de turistas visitantes e organizando festivais de jazz e blues, ou cedendo o espaço para casamentos e outros eventos. Um café, uma loja de souvenir e a venda de plantas cultivadas lá os ajudam a completar a renda, o tipo de atividade comercial que causaria calafrios nos ancestrais. (Por Anderson Antunes)