A falecida bilionária americana Leona Helmsley, conhecida nos Estados Unidos como “Rainha Má” e por anos a dona da maior fatia do Empire State Building, entrou para o folclore de Nova York no fim da década de 1980 quando foi condenada por sonegação fiscal depois de um julgamento midiático que eternizou a frase mais famosa dela até hoje: “Pagar impostos é coisa de gentinha”.
Do outro lado do Atlântico, uma rainha de verdade que de má não tem nada poderia dar a Leona, que morreu em 2007, uma boa lição sobre não ser obrigada a seguir certas leis, principalmente aquelas relativas aos acertos com o leão: Elizabeth II, no trono desde 1952, é a única pessoa em todo o Reino Unido que não precisa pagar impostos mas mesmo assim contribui com o fisco do país voluntariamente desde 1992.
Achou pouco? Pois a avó dos príncipes William e Harry dispõe de vários outros privilégios legais que a tornam, de fato, uma pessoa única em qualquer lugar do mundo, e a gente prova isso abaixo, com as cinco leis que ela não precisa seguir simplesmente por ser sangue azul. Confira:
Cisne à moda da rainha
Os cisnes-brancos britânicos, principalmente aqueles de cidades famosas como a capital Londres, são cliques obrigatórios para qualquer turista que se preze. Mas é bom que o interesse neles se resuma aos flashs mesmo, já que é terminantemente proibido comer qualquer prato feito com esse animal por lá, uma iguaria bastante popular durante o reinado dos Tudors, diga-se de passagem. Quem se atrever a fazer isso pode correr o risco de ir parar na cadeia, menos a rainha, já que ela é dona de todos os cisnes (e golfinhos e baleias também) que habitam o Reino Unido e poderia, em tese, fazer com eles o que bem entender. Inclusive um belo assado.
Licença para guiar… sem licença!
Elizabeth II aprendeu a dirigir quando ainda era adolescente, por volta dos 17 anos. Durante a guerra ela chegou a pilotar ambulâncias e também trabalhou como mecânica de automóveis. Tudo isso sem carta, e por um simples motivo: como todas as carteiras de habilitação no Reino Unido são emitidas em nome dela, seria no mínimo estranho que a monarca também fosse obrigada a ter o documento. Aliás, dizem que a rainha assume outra personalidade quando está atrás de um volante, e há alguns anos aproveitou uma ocasião dessas para mandar um recado sutil a um príncipe da Arábia Saudita que a visitou no Castelo de Windsor: ela fez questão de guiar o carro no qual o levou para conhecer a propriedade, lembrando que no país dele as mulheres são proibidas de dirigir.
Blitz? Nem pensar!
Além de não precisar de carteira, a rainha também não pode ser multada nas estradas do Reino Unido em hipótese alguma. Se quisesse, ela poderia pegar um dos Rolls-Royces que fazem parte de sua coleção real e sair pilotando pelas ruas de Londres a toda velocidade, embora isso seja praticamente improvável, já que ela se limita a dirigir quando está fora da cidade. Já a irmã dela, a falecida princesa Margaret, não tinha o mesmo privilégio: ao longo da vida foi multada várias vezes, sendo a última em 2001, quando acabou sendo parada pela polícia depois de dirigir um Bentley a quase 150 km por hora na capital inglesa e só foi liberada depois de assinar uma multa de mais de £ 500.
Desembarque prioritário
Até mesmo quem ama viajar pelo mundo odeia a parte em que é preciso passar pelo controle de imigração. Já Elizabeth II não faz ideia do isso seja, uma vez que ela nem sequer passaporte tem. Isso mesmo, a rainha pode embarcar para onde quiser sem a necessidade de ter o documento em mãos com a certeza de que será aceita em qualquer país, e certamente de braços abertos, como ocorreu na primeira e única vez em que ela esteve no Brasil, em 1968. Nesse caso, e assim como acontece com as carteiras de habilitação, é bom lembrar que todos os passaportes no Reino Unido são emitidos em nome dela.
Prenda-me se for capaz
A melhor de todas as leis que a rainha não precisa seguir é, basicamente, qualquer uma. Não entendeu? A gente explica: como monarca, ela não pode ser processada e muito menos presa, o que a permite fazer qualquer coisa sem se preocupar com as consequências. Se quisesse cometer um assalta a banco e levar pra casa notas e mais notas de libras esterlinas com seu rosto estampado, por exemplo, ela poderia, mas é claro que nesse caso a reação do público depois do crime se tornaria um problema muito maior do que uma simples quebra de lei, e existem vários casos na Europa de reis e rainhas que perderam muito mais do que a liberdade – a cabeça, por exemplo – por se acharem invencíveis. Como a boa Windsor que é, Elizabeth II sabe muito bem que o sucesso de seu reinado se deve muito mais aquilo que deixa de fazer do que necessariamente ao que faz. Afinal Deus salva a rainha há 65 anos, mas ela também merece crédito por nunca se meter em confusão. (Por Anderson Antunes)