Rafael Zulu já havia interpretado papéis bacanas na TV, mas nenhum com uma repercussão tão grande quanto a de Cido, seu personagem em “O Outro Lado do Paraíso”, como o mesmo reconhece. “Eu tive a felicidade de cair em um núcleo que é um dos mais populares da novela, de comédia de fato”, falou ao Glamurama. Por viajar muito nos fins de semana por conta de sua empresa de eventos, Zulu é o ator de seu núcleo, que conta com Eriberto Leão (Samuel), Ellen Rocche (Suzy), Ana Lúcia Torre (Adnéia) e Luciana Fernandes (Irene), que mais sente na pele o amor do público pela família que se formou na trama. “É um carinho muito forte que recebemos”, explica. Fora das telas, Rafael é um cara de negócios. Somando, suas empresas tem cerca de 35 funcionários. Ele também é extremamente popular – é um dos membros do grupo “Diretoria” formado também por Neymar, Luciano Huck, Thiaguinho, Gabriel Medina e Bruninho. No auge da carreira, Glamurama bateu um papo bom e revelador com o ator. Confira a entrevista abaixo.
Glamurama: Como tem sido a repercussão do público com o seu personagem em “Do Outro Lado do Paraíso”?
Rafael Zulu: “Em um tempo de tanta rejeição pela escolha e orientação sexual de cada um, é um assunto muito importante de expor. Por mais que seja de maneira leve e divertida, a gente tá carregando um fardo muito sério ao tratar de um tema comum, mas que no Brasil ainda se faz um fantasma em cima disso, da relação de duas pessoas do mesmo sexo. Receber e-mails de pessoas que vivem situações como essa é muito bacana. Me mandam relatos desde o início da novela, mensagem de pessoas desabafando ou se divertindo porque conhecem outras na mesma situação do Cido ou que tem uma sogra como a dele.”
Glamurama: Você passou a receber cantadas do público gay desde que atua como Cido?
Rafael Zulu: “Vou confessar que recebo bastante mensagem em redes sociais de homens. Respondo com carinho sempre que consigo, mas com a opção deles e eu como hétero com a minha. Respeito, cada um faz o que quer, claro, mas acho um barato porque é sempre de uma maneira muito carinhosa e divertida. Com mulher acaba acontecendo também…”
Glamurama: Como ficará a relação de Cido e Samuel no fim da novela?
Rafael Zulu: “A gente ainda não sabe. O Walcyr [Carrasco] é uma caixinha de surpresas e não entrega o ouro nem pra gente. É desesperador mas ao mesmo tempo uma delícia porque ficamos na mesma expectativa que o telespectador. Em defesa do meu personagem, que batalhei muito pra tentar fazer o público gostar e chegar no fim da novela com uma boa aceitação, minha torcida é que o Cido fique com o Samuel. Eles se gostam, se amam e eu acredito muito no amor.”
Glamurama: Esse é o maior desafio da sua carreira?
Rafael Zulu: “Cada personagem é um desafio. Não é o mais desafiador, mas foi muito intrigante por conta da pesquisa e laboratório feitos para encontrar o tom do personagem, que vive na corda bomba da insegurança. A ex mulher do namorado que aparece grávida e há sempre aquela tensão de ciúme, incômodo… É um personagem que requer de mim um cuidado muito grande.”
Glamurama: Já tem outros projetos engatados na sequência da novela?
Rafael Zulu: “Tenho uma peça que já comecei a ensaiar, ‘Tragédia Romântica’, espetáculo de Alessandro Marson que reúne dois atores em cena, eu e Ana Carolina Dias, e conta a história de duas pessoas que se conhecem jovens, depois se reencontram com 50 e poucos anos e tentam namorar, mas não conseguem.” [A peça estreia no Rio na segunda semana de maio e depois segue para outras cidade]. “E começo a gravar logo depois da novela uma série nova da Multishow de Rodrigo Sant’Anna. Interpreto um ex jogador de futebol frustrado que chega na casa do irmão (Rodrigo Sant’Anna), que está em boa situação financeira e se aproveita. É uma comédia rasgada, vai ser bem legal.”
Glamurama: Sabemos que você tem um forte lado empreendedor. Como ele se aplica?
Rafael Zulu: “Tenho uma agência de eventos chamada Rafael Zulu e com ela faço desde convenção de empresas, petit comité até eventos grandes como o Camarote Rio no Carnaval, festas de Réveillon e a Tardezinha, um projeto em parceria com o cantor Thiaguinho. Além disso tenho um bar na Lapa, empresa de tapioca, agência de turismo e acabo de enveredar pra um mercado novo, muito desafiador pra mim, que é a construção civil. Eu e dois amigos de Recife estamos construindo nosso primeiro empreendimento no Rio, um projeto de apartamentos que remete muito ao projeto Minha Casa Minha Vida, com qualidade e preços acessíveis.”
Glamurama: Hoje você tem quantos funcionários?
Rafael Zulu: “Cerca de 35 funcionários.”
Glamurama: O que você acha sobre a situação atual do Rio?
Rafael Zulu: “Defendo com unhas e dentes o Rio, que é a minha cidade do coração, onde nasci e morei a vida toda, mas tenho que assumir que é um momento muito duro. Infelizmente a cidade tá falida, funcionários públicos não recebem e consequentemente ficam à merce desse governo mal administrado e também está muito violenta. O carioca hoje tem medo de andar na rua, não é como São Paulo, outra cidade que amo, onde você não se sente em perigo dependendo dos locais que circular. O Brasil de modo geral tem muita violência, mas o Rio é um retrato do país, então tudo aqui toma uma proporção muito maior. Tudo isso é fruto de pouca estrutura, com problemas de acesso à educação e saúde de maneira digna, mas acredito sempre que a gente vai sair dessa.”
Glamurama: Você faz parte do famoso grupo de WhatsApp Diretoria, integrado também por Neymar, Luciano Huck, Thiaguinho, Bruninho (vôlei) e Gabriel Medina. Quais têm sido os assuntos mais recorrentes ultimamente?
Rafael Zulu: “É um grupo brincalhão, mas ao mesmo tempo muito sério formado por amigos que foram se apresentando uns aos outros, que se admiram e acabam servindo de exemplo porque são pessoas com vidas públicas, cada um com seu trabalho e sua rotina. A gente debate de tudo e nas última semanas o tema mais recorrente é a cirurgia do Ney, né? Nossa maior esperança de trazer uma taça pra casa, mas a gente fala de tudo, além de um estar sempre indicando para o outro algum projeto.”
Glamurama: E quando pinta alguém querendo fazer parte dele, como funciona?
Rafael Zulu: “O último a entrar foi Luciano [Huck]. Um dia ele me falou: ‘e esse tal de grupo Diretoria, como eu faço pra fazer parte?’ Aí mandei mensagem pros meninos, ele passou por um crivo e foi aceito. A gente sempre brinca dizendo pra ele que não foi fácil entrar não.” (risos) Hoje ele é o ‘pai’ do grupo. Se o couro está comendo ele vem com uma frase bacana… É um p%#@ cara inteligente. Mas, apesar da gente tá sempre recebendo mensagens de elogio ao grupo e pedidos pra fazer parte dele, agora está definitivamente fechado.” (Por Julia Moura)