Por Verrô Campos
Embora também tenha se formado em arquitetura, as joias foram desde criança a grande paixão do gemólogo Rafael Lupo Medina, formado pelo GIA (Gemological Institute of America) de Nova York. Trabalhando hoje na Cartier em Paris, Rafael deu uma palestra na loja da joalheria no Shopping Cidade Jardim, nessa terça-feira, sobre a exposição “Cartier: Le Style et L’Histoire”, que aconteceu no Grand Palais, em Paris, entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014. Glamurama aproveitou para conversar com o expert sobre o mundo das joias e da maison.
Qual a importância dessa exposição que aconteceu no Grand Palais?
Foi o Grand Palais que pediu para que a Cartier emprestasse as peças para a exposição e, como se tratava de um museu, peças de coleções particulares também foram emprestadas. Não foi uma exposição da Cartier, mas sobre a Cartier, sobre a sua importância histórica da maison, desde o final do século 19 até os anos 70.
Você concorda que a Cartier é muito conhecida por fazer peças exclusivas para as suas clientes?
Sim, 100% ou 99% das peças que estavam na exposição são peças únicas, criadas a pedido de clientes ou encomendas especiais.
Isso é um diferencial da joalheria?
Sim, é uma marca grande, mundial, mas que tem sempre este departamento para o cliente que deseja uma peça única. Nós também criamos peças únicas que não são pedidos de clientes, as peças de alta-joalheria.
É possível fazer encomendar de peças exclusivas da Cartier no Brasil?
Não importa em qual país for, tudo passa por Paris. Os desenhistas e ateliês estão lá, mas é possível fazer uma encomenda na loja de São Paulo, por exemplo, ou de Tóquio e depois cada país envia o pedido para ser executado em Paris.
Que nomes lhe vêm a cabeça quando falamos das grandes clientes Cartier?
A atriz mexicana Maria Félix, a duquesa de Windsor, que dispensa apresentações, a milionária americana Barbara Hutton, que encomendou peças incríveis, a herdeira das máquinas Singer, Dayse Fellowes, e, claro, Elizabeth Taylor. Todas ajudaram a marca a ultrapassar o limite técnico em benefício da imaginação e da criação. Maria Félix, por exemplo, foi à loja com um bebê crocodilo vivo porque ela queria um colar com dois crocodilos . Também tem Grace Kelly, o anel dela de noivado dela era um Cartier, um diamante de lapidação esmeralda com mais de 10 quilates.
Na sua opinião, por que essas mulheres escolheram a Cartier?
Porque elas sabiam que o sonho poderia virar realidade.
Hoje, que conselho você daria para uma consumidora de joias?
Que tenha um certificado atestando as características da pedra. Se é natural, ou com tratamento, ou sintética. Sobretudo os diamantes. O certificado mais conhecido é da escola que eu frequentei, o GIA. É um conselho importante, mesmo eu tenho dificuldades em diferenciar um rubi natural de um sintético, por exemplo.
E quanto aos certificados que abordam questões éticas?
Isso também existe. Por exemplo, a Cartier tinha uma coleção com pequenos rubis, mas quando aconteceu o embargo contra a Birmânia, as peças foram substituídas por rubelitas.
Existe uma tendência de joias?
Depende do país. Pedras clássicas como rubis, safiras, esmeraldas e diamantes são sucesso no mundo todo, mas têm coisas específicas de uma cultura. Por exemplo, um colar de bolas de jade Cartier foi vendido em Hong Kong pela Sotheby’s por US$ 27 milhões, em outro país ou aqui mesmo no Brasil, ninguém valorizaria a peça dessa forma. Aqui, teve a onda da turmalina paraíba, que não é tao desejada em outros países.
Que tipo joia a brasileira gosta de usar?
Coisas fáceis, vistosas e coloridas. É um mercado muito grande e uma coisa que acho linda é a variedade de pedras brasileiras. Não existe isso em outro país do mundo, nosso solo tem praticamente todas as pedras que existem.
Siga a seta e confira algumas das joias que estavam na exposição do Grand Palais.
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