Por Michelle Licory
Rafael Costa e Silva é um dos chefs mais respeitados da nova geração carioca, à frente do Lasai, que acaba de ganhar uma estrela no Guia Michelin. Rafa [como é chamado pelos íntimos, que são poucos, bem poucos] é conhecido também por seu temperamento reservado e por não gostar muito de “fazer média” com a mídia especializada em gastronomia. Glamurama conseguiu puxar uma cadeira e bater um papo rápido com o chef em um momento de guarda baixa em um evento no Rio.
“Não tenho pressa”
“A minha comida é sempre simples e minimalista”, começa Rafa, com toda humildade. A gente foi logo perguntando se ele não pensa em aproveitar o sucesso para expandir seu negócio. “A gente recebe propostas. Mas só tem um ano que estou focado no meu restaurante. Estou começando, engatinhando. Estava no colo da mãe e agora são ‘baby steps’. Não tenho pressa. Quero fazer bem feito e não dar um passo maior que a perna.”
“Assim não arregala o olho”
“Mesmo que eu abra algo maior e mais comercial, quero que tudo saia no mesmo nível do Lasai. Hoje tenho uma equipe formada capaz de atender um restaurante, não dois. O que eu faço é nem deixar chegar uma proposta efetiva, objetiva, para não cair me tentação. O melhor remédio para não cair em tentação é não saber quanto é. Assim não arregala o olho. Tem gente querendo abrir em São Paulo, por exemplo. Pedi para me procurar em 2016.”
Por conceito e por filosofia
Perguntamos se ele sente uma dificuldade muito grande de ver seu restaurante como business. “Sinto. Muita! Pra mim, é realmente bem difícil. É cruzar uma linha tênue. Tenho um exemplo banal que sempre uso. Faço um prato que é uma carne assada com batata doce. Só isso. Se eu comprar essa batata no supermercado, vou pagar um terço do preço e 99, 9 por cento das pessoas não vão perceber a diferença. Nem meus cozinheiros. Mas eu vou. E eu sei que a batata doce que eu uso respeitou uma cadeira orgânica, não houve poluição… Uso sempre o melhor produto, por conceito e por filosofia.”