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Charlie Sheen e John C. McGinley em cena do filme “Wall Street: Poder e Cobiça” (1987) || Créditos: Reprodução

Bolsa de valores, ações, títulos negociáveis, ativos, renda fixa, renda variável, taxa Selic e por aí vai…O mercado financeiro está em alta, mas ainda é um mistério para a maioria da população e visto como elitista. Mas esse cenário é brasileiro, já que em diversos países os investimentos nas bolsas são bem disseminados, e está em processo de mudança.

Em 2020, o número de contas de pessoas físicas cadastradas na Bolsa brasileira cresceu 92%, chegando a 3,2 milhões, segundo dados da B3. O crescimento ocorreu mesmo em um período de volatilidade no mercado financeiro por conta do cenário atual de pandemia, crises econômicas, movimentação da política mundial e outras questões que impactam esse mercado.

Para ajudar quem tem interesse em investir em ações e outros ativos disponíveis na Bolsa de Valores, mas se sente perdido, Glamurama convocou Bernardo Pascowitch, fundador e CEO do buscador de investimentos Yubb e diretor da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), e colunista de PODER online para falar sobre investimentos, finanças, economia e negócios e como tudo isso afeta o seu bolso e o futuro. Abaixo, um guia completo para começar a investir, ganhar dinheiro e não cair em pegadinhas.

Glamurama: Como o mercado financeiro funciona de forma geral?

Bernardo Pascowitch: Mercado Financeiro é um termo que engloba diversos produtos e serviços financeiros e mercados de negociação: seguro, créditos, investimentos e muito mais. O mercado de capitais (Bolsa de Valores) é um espaço no qual vendedores encontram compradores. Fazendo uma analogia, a Bolsa é uma feira em que os comerciantes expõem os seus produtos a espera dos compradores. Às vezes são pessoas físicas que compram e vendem entre si, às vezes são investidores institucionais: empresas, fundo de investimento, fundo de pensão, às vezes as próprias empresas de capital aberto ou que estão abrindo o capital e estão emitindo ações para que os compradores coloquem o seu dinheiro.

Glamurama: Como tornar o investimento em ações algo popular no Brasil?

Bernardo Pascowitch: Esse é um trabalho que passa pela inclusão de educação financeira no ensino fundamental, básico, médio e universidades, fazer parte do dia a dia das pessoas, para que não se endividem, não percam dinheiro, estejam atentos à oportunidades, terem uma aposentadoria e tornar os investimentos de forma geral mais populares. O ato de investir não é disseminado, não é popular e dentro das opções existentes, as ações aparecem como as mais conhecidas.

Glamurama:  Qual a sua avaliação sobre o atual cenário econômico e como ele interfere no mercado financeiro?

Bernardo Pascowitch: O mercado de capitais e o preço das ações são baseados em apenas uma variante: a receita futura das empresas. O valor de mercado de uma companhia na Bolsa é embasado na projeção em longo prazo de quanto aquele negócio vai gerar de receita. É isso que importa para o preço da ação. Mas claro que o lucro das empresas é afetado por diversas questões, sejam políticas, sociais, jurídicas… então isso diminuiu a capacidade de ganhos, além de situações internas como governança, disputa entre sócios e eficiência.

Quando a gente fala do atual ciclo econômico e como ele interfere na receita das empresas, é claro que o momento de contração econômica ou baixa expansão econômica por conta da pandemia, aumento da taxa de juros pelo Banco Central, redução do consumo, controle da inflação, alta taxa de valorização do dólar em paridade com o real, tudo isso acaba pressionando os resultados, então nós não temos atualmente um cenário favorável ao crescimento e claro que estou generalizando muito porque não estamos analisando empresas específicas, além disso estamos falando de curto prazo, mas em médio e longo prazo a situação é mais favorável.

Glamurama:  Quais as dicas pra quem quer começar a investir na Bolsa de Valores?

Bernardo Pascowitch: 1 – Comece aos poucos;
2 – Não enxergue a Bolsa como um cassino, não vai te deixar rico ou milionário, mas é um complemento para longo prazo: aposentadoria e patrimônio;
3 – Não invista no que você não conhece;
4 – Foque sempre no longo prazo, investimento acima de 10 anos e,
5 – Estude antes de investir, empresa, setor, não faça investimentos sem ter uma base sólida por trás.

Glamurama: Quais as principais características que o investidor deve ter para não perder dinheiro neste tipo de investimento e nem se desesperar?
Bernardo Pascowitch: As dicas acima respondem bastante. O mais importante aqui é a questão do longo prazo, historicamente e estatisticamente os retornos mais distantes trabalham a favor do investidor, então a chance de resultado positivo é muito maior. Agora, a questão é o investidor justamente não vender dinheiro no curto prazo ou sair correndo quando tem uma queda de ações e não investir mais do que pode. Essas são algumas possibilidades de comportamentos prejudiciais à sua carteira. Ter um planejamento e respeitar o dinheiro são alguns parâmetros relevantes de comportamento correto para minimizar riscos e maximizar ganhos.

Glamurama:  Qual retorno esperar dos investimentos e em quanto tempo?

Bernardo Pascowitch: Infelizmente não dá para falar em termos de esperar retorno do investimento em quanto tempo, principalmente em Bolsa de Valores. Na renda fixa tem a previsibilidade, alguma ideia sobre o quanto pode ter de retorno, já em renda variável, como o nome diz, não tem como ter esse controle e a legislação também não permite fazer uma promessa de rentabilidade, mas em termos de tempo, investimento com prazo inferior a 10 anos não é recomendado.

Glamurama:  Qual o tipo de investimento que deve ser feito nesses tempos de instabilidade?

Bernardo Pascowitch: Isso vai depender do perfil de casa investidor. Se for um mais arrojado, mesmo em tempo de crise aproveita para fazer novos investimentos e aumentar seu posicionamento em Bolsa de Valores; uma pessoa mais conservadora pode migrar parte dos seus investimentos para renda fixa porque não tem volatilidade. Lembrando que renda fixa é uma dívida que o banco tem que pagar para o investidor em prazo acordado entre as partes.

Glamurama: Não faz muito tempo, a Bolsa de Valores alcançou 100 mil pontos pela primeira vez. O que isso significa e o que esperar desses índices?

Bernardo Pascowitch: A pontuação do Ibovespa é uma carteira teórica composta pelas principais ações, aquelas mais negociadas na Bolsa brasileira, é um índice ponderado pela representatividade das empresas, que indica somente a negociação das maiores. Esses pontos não passam a imagem de todas as companhias listadas, somente as mais negociadas e que trabalham com commodities: a Valle, bancos, Petrobrás e mais algumas. Isso muitas vezes pode ser prejudicial para o entendimento do investidor porque a Ibovespa cair não é sinal de que todas as empresas caíram, e o oposto da mesma forma. De qualquer forma, ele mede a performance média das empresas negociadas na bolsa brasileira e o aumento da pontuação quer significar o aumento do otimismo dos investidores ao mercado, preço das ações e geração de receitas.

Glamurama:  Qual a perspectiva para o futuro na Bolsa de Valores? Positivo ou negativo, por quê?
Bernardo Pascowitch: É bastante interessante e positiva. Saímos de um cenário de taxa Selic extremamente alta que é prejudicial para economia porque torna tudo mais caro: consumo, crédito, expansão das empresas. O Brasil saiu desse cenário em 2016 com taxa de 14,25% e, ainda que estejamos passando por um movimento de aumento do juros no Brasil, dificilmente, a menos que temos uma crise gigantesca, a gente volta a ter uma taxa acima de 10%. Portanto, o cenário de taxa Selic baixa e renda fixa menos interessante e rentável fazem com que as pessoas busquem investimentos arrojados e força a diversificação. O futuro da Bolsa é promissor e construtivo, claro que a economia e política precisam ajudar, mas é positivo para que as pessoas acessem mais a Bolsa de Valores.

Glamurama: Quais as principais pegadinhas que os investidores devem ficar atentos para não terem prejuízo?
Bernardo Pascowitch: Não têm tantas pegadinhas por parte do investidores, mas tem muita por parte das corretoras. É importante escolher uma corretora com taxa zero ou bem baixa; não fazer investimento porque o diretor de banco ou assessor de investimento está recomendando sem estudar, pesquisar e se informar anteriormente. Nunca aceite investimento de renda fixa abaixo de 100% do CDI, nunca aceite comprar títulos de capitalização com sorteios em troca de rentabilidade praticamente inócuas, cuidado com as taxas escondidas, vencimento de rendas fixas. Existem alguns investimentos muito bons com prazo alongados e se não ficar atento a essas questões pode prejudicar o planejamento financeiro.

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