“Quando ouvi Gal Costa cantando, chorei por três dias”, conta Daniela Mercury sobre música em homenagem a Moraes Moreira e afirma que o Carnaval 2022 será uma catarse coletiva

Daniela Mercury no Carnaval de Salvador em 2020 || Créditos: Paulo Freitas

Fevereiro chegou e já bate aquela saudade da energia que toma conta de todo o Brasil no mês do Carnaval. As ruas cheias de foliões, cores e serpentinas não serão uma realidade em 2021 por conta da pandemia que, mesmo com a chegada da vacina, ainda exige todos os cuidados. E não será apenas o público que sentirá falta do calor e da energia da festa. Há 39 anos sacudindo os trios elétricos, avenidas e carnavais Brasil afora, Daniela Mercury não vai deixar que a pandemia estrague o bom astral que pede a época.

No papo exclusivo com Glamurama, a cantora entrega os detalhes da festa ‘virtual’ que ela arma no dia 12 de fevereiro com o ‘Carnaval da Rainha’ que, além dos sucessos que embalam a carreira da artista, também traz ao público a sua nova música ‘Quando o Carnaval Chegar’, com Gal Gosta, que será lançada nesta sexta-feira, em homenagem a Moraes Moreira, um dos principais nomes da música brasileira e do Carnaval que morreu em abril de 2020. Claro que na nossa conversa teve muita música. Daniela nos deu uma palinha de algumas canções que ajudam a contar sua história, inclusive ‘Quando o Carnaval Chegar’.

Vontade de cantar

Essa época do ano é um marco na história da artista. Desde pequena, a paixão e vontade de cantar no Carnaval a acompanha: “Com 12 anos meus pais resolveram não passar o Carnaval em Salvador e nos sempre íamos fantasiadas para a avenida assistir o desfile. Era a expectativa de um ano inteiro. Nesse ano, meus pais foram para a ilha de Itaparica, que fica longe de Salvador, mas dá para ver as luzes da cidade de lá. Quando chegamos, eles não foram para o baile da ilha que haviam prometido e eu estava toda fantasiada. Olhava para a cidade de Salvador com lágrima nos olhos, mas com a mistura de tristeza e alegria porque eu consegui ver as luzes pulando. Aquilo me dava a sensação de que eu estava na avenida. Este ano vai acontecer isso, o saudosismo.”

A ideia de Daniela no ‘Carnaval da Rainha’ – live que rola no dia 12 de fevereiro, à partir das 20h30, no seu canal do  Youtube  – é trazer a sensação e a energia do período mais festivo do ano de forma nunca vista: “Pensei em um lugar que nunca existiu para fazer um Carnaval que nunca existiu, para ser único também, assim como todos os carnavais”, conta a artista, que ainda falou do maior desafio em criar o projeto: “Fazer as pessoas se transportarem para o Carnaval. Convido o público para se fantasiar, arrumar e enfeitar a casa, preparar uma comidinha, a bebida que gosta. As crianças também podem se preparar para um baile de Carnaval fantasiadas. Quando não tem uma festa tradicional, temos que inventar e para mim está sendo divertido fazer isso”, explicou.

E como o público ajuda a fazer a magia do artista acontecer, Daniela entregou como os foliões estarão representados nessa live: “O Carnaval é um lugar de mágica. Por mais que o artista seja o grande maestro, sem a multidão não faz sentido. Achei o jeito mais humano de representar com uma obra de arte de J. Cunha, que dá essa sensação de que estou no meio de todos e assim sair no circuito imaginário pelo mundo. Para as três horas de Carnaval virtual, escolhi o repertório que traz as melhores memorias emocionais”, entrega a baiana. E sabe quais são as músicas que vão embalar a folia online? Daniela nos listou algumas: “‘Proibido Carnaval’, ‘Faraó’, ‘O Canto da Cidade’, ‘Rapunzel’, ‘Maimbe Danda’, ‘Rainha da Balbúrdia’, ‘Apesar de Você’ (…)”

O ídolo

E por falar em repertório, ela contou tudo sobre a canção novinha em homenagem a Moraes Moreira: “Eu canto as músicas dele desde que eu pisei no trio pela primeira vez. As obras dele são referências para tudo que faço em cima do trio elétrico. Uma das minhas primeiras apresentações públicas na TV foi com 12 anos vestida de palhacinho dançando ‘Chão da Praça’. Nos anos 1980, quando comecei a criar repertório, eu cantava Moraes. Ele é uma grande referência do artista de trio, compositor. Fiquei muito abatida com o falecimento dele e ele não poder ficar aqui para homenagearmos mais e mais”.

Além disso, Daniela contou como foi o processo de criação da música e parceria com Gal Gosta: “Passei a pandemia compondo, inclusive algumas músicas tristes. E essa eu cantarolava o dia inteiro, ela foi me dando um certo aconchego, uma alegria. Então decidi gravar para homenagear Moraes, mesmo que o Carnaval não seja na rua. Resolvi fazer um frevo e convidei Gal (Costa), mostrei a canção e ela adorou! É a mistura de Pernambuco com a Bahia e o tempo verbal deixa no ar onde, quando e como seria esse Carnaval.  Quando ouvi Gal cantando, chorei por três dias (risos). Lançar essa música com ela já vai ser meu Carnaval”.

Em ritmo de Carnaval

Quando passar fevereiro, Daniela não pretende diminuir o ritmo: “Sempre invento muita coisa. Estou compondo e trabalho na área social e direito humanos. Tenho me disponibilizado para todos os tipos de campanha. Vou continuar meu papel como cidadã e meu trabalho musical e, além disso, estou me dedicando à minha família. Estou na expectativa de marcar os shows que foram desmarcados. Vamos continuar se reinventando. Pensarei em outras apresentações virtuais.”

Saúde é o que interessa!

“No momento, o mais importante é as pessoas estarem protegidas, saúde em primeiro lugar”, conta Daniela, que fala ainda da expectativa para o Carnaval de 2022 e o reencontro com os foliões: “Quando for possível, será uma catarse coletiva, uma explosão de alegria. Até falei que faria mais horas de Carnaval por dia, mas acho que precisaremos de mais semanas (risos). Isso vai significar que estaremos protegidos, poderemos aglomerar. A folia exige que todos estejam imunizados e seguros. Será uma sensação de alívio. Quero ficar bêbada de felicidade, como disse na música para Moraes. Deixar a alegria vencer e tomar conta de nós”. (por Luzara Pinho)

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