A notícia do dia nesta terça-feira nos Estados Unidos é uma carta aberta na qual a ex-juíza da Suprema Corte do país Sandra O’Connor revela ter sido diagnosticada com demência, “e provavelmente o mal de Alzheimer também”, como ela explica no texto em que anuncia sua retirada da vida pública. O’Connor, de 88 anos, foi a primeira mulher a integrar a mais alta corte americana, e participou de quase todas as decisões sobre questões polêmicas que chegaram aos juízes de lá entre 1981 e 2005, quando se aposentou.
Na carta endereçada a “amigos e aos compatriotas americanos”, O’Connor explica que ficou sabendo do diagnóstico há algum tempo e optou por dividi-lo com o mundo em razão dos questionamentos sobre suas atividades mais recentes que tem recebido das pessoas, e também porque ainda se considera apta a respondê-los. “Apesar de que o último capítulo da minha vida tem tudo pra ser desafiador, de forma alguma isso diminui a gratidão e o profundo apreço peças inúmeras bençãos que recebei até hoje”, ela escreveu na carta.
Ao longo de quase duas décadas, a magistrada aposentada dominou o noticiário dos EUA em várias ocasiões ao se posicionar junto com a maioria em casos icônicos decididos por 5 votos a 4, como a permissão para que um homem fosse aceito em uma escola de enfermagem só para mulheres do Mississípi e a determinação de que guerra ao terror durante o governo de George W. Bush não dava ao ex-presidente americano um “cheque em branco” para perseguir e prender suspeitos de terrorismo.
Viúvda desde 2009, quando perdeu o marido, John J. O’Connor II, depois de anos de uma batalha que ele travou contra o Alzheimer, O’Connor é formada pela Stanford University e já sobreviveu a um câncer de mama. Autora de vários livros, ela cunhou uma frase que tem sido bastante usada por políticos de todos os cantos nos últimos anos, que diz que “a discordância é um sinal de que o progresso está em andamento”. (Por Anderson Antunes)