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Créditos: Mariana Rocha
Lan Lanh em seu show “Batuque” na Blue Note Rio || Créditos: Mariana Rocha

Lan Lanh estava em um daqueles dias em que a vida nos dá uma rasteira quando recebeu do amigo Nando Reis a mensagem: “Meu amor, estou para lhe escrever mas a correria me dispersou. Essa dor vai passar e você vai passar a sorrir e a amar. Saiba que eu te amo muito. Como você está?” A leitura chegou como poesia para Lan, que logo a transformou em música. O resultado é “Saiba Que eu Te Amo Muito”, a primeira parceria entre os músicos e uma das duas únicas músicas cantadas que integram “Batuque”, o novo CD da percussionista que será lançado no próximo dia 19.

O reconhecimento que ela tem há tempos no meio musical chegou ao grande público quando assumiu seu namoro com a atriz Nanda Costa, em junho (elas estão juntas há cinco anos).  Uma das maiores percussionistas do Brasil, é por causa dela que o tradicional show voz e violão passou a ser voz, violão e cajon. “Ajudei a divulgar o instrumento para o grande público quando comecei a tocar com Cássia [Eller]”, contou ao Glamurama. É justamente o cajon que domina a atmosfera dos shows com ingressos esgotados que ela tem feito pelo Brasil – um afro-jazz cheio de improvisos com direito a um passeio pela música popular brasileira. Tudo isso com a direção de quem? Nanda Costa, também parceira profissional.

Lan Lanh em seu show “Batuque” na Blue Note Rio || Créditos: Mariana Rocha || Créditos: Mariana Rocha

Foi a química que rolou na estrada que gerou o álbum, fazendo o caminho inverso da maioria dos músicos que saem em turnê para a divulgação de um. “‘Batuque’ foi lapidado na estrada, com uma química criada em torno do repertorio. Nele volto às minhas origens afro-baianas e à minha essência percussionista que descobri em 1989 com a banda Rabo de Saia”, explica.

Hoje com 50 anos e 30 de carreira, ela conseguiu se destacar em um universo predominantemente masculino: “Fico orgulhosa porque ajudei a pavimentar essa estrada, por onde hoje passam tantas mulheres. Tudo isso sem levantar bandeiras ou promover revoluções, apenas fazendo meu trabalho”.

Também este mês, Lan desembarca com Nanda em Las Vegas. O motivo? Participar do Grammy Latino com a música “Aponte”, indicada ao prêmio de Melhor Canção em Língua Portuguesa. Sobre a música, tema da série “Entre Irmãs”, da Globo, na voz de Maria Bethânia, ela fala: “Essa música já veio com esse prêmio porque tem uma força da natureza, retrata uma história linda de cumplicidade e amor entre duas irmãs e enquanto eu compunha só pensava em Bethânia, era ela que tinha que cantar… Felizmente ela amou e fez uma gravação épica.”

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Abaixo, um pouco mais do papo de Glamurama com a artista:

Glamurama: Qual foi o impacto da música “Não é comum, mas é normal”, composta por você e Nanda, em prol da diversidade e respeito?
Lan Lanh: “Traduzimos nossa historia na música em um momento de aceitar as coisas como elas são. Nós amamos pessoas, não importa se é homem ou mulher, e é essa a mensagem da música, passada de uma maneira leve e natural. Muita gente sofre não só com o preconceito, mas com a aceitação do desejo de amar alguém do mesmo sexo, e isso não deve gerar sofrimento, ser ruim… Tocou no coração das pessoas porque muita gente passa por esse momento, gerando uma onda de amor muito grande, de muita representatividade. Fico feliz por um gesto puro e natural ter ecoado dessa maneira tão leve. Recebemos muitas mensagens não só de mulheres mas de homens também dizendo que se inspiravam no nosso exemplo, de quebrar preconceitos e assumir o amor.”

Glamurama: Assumir o namoro com Nanda interferiu na sua privacidade?
ILan Lanh: “Isso já interferia quando tínhamos que nos esconder, então foi até melhor, um alívio. Eu sempre fui muito desligada com essa coisa toda e Nanda, por ser atriz, já sofria invasão de privacidade, então melhorou e todo mundo ficou mais aliviado.”

Glamurama: Oficializar a união está nos planos de vocês? 
Lan Lanh: “Uma coisa de cada vez. Agora tem esse disco que é um filho, e Nanda emendou duas novelas. Estamos vivendo e temos uma vida muito boa juntas, de união e cumplicidade. Já estamos assim há 5 anos.”

Glamurama: Vocês já foram vítimas de homofobia?
Lan Lanh: “Nesse momento mais conturbado politicamente, um pouco. Mas é algo tão pequeno frente à onda de amor e apoio que a gente recebe e tem dado pelo que somos. Eu só foco nessas coisas.”

Glamurama: Conte-nos sobre o documentário que você começou a rodar com Chico Kertz, sobre sua carreira. 
Lan Lanh: “Será um documentário produzido pelo canal Curta! que vai ao ar dividido em quatro capítulos contando minha história e trajetória como mulher em um ambiente tão masculino, com referência na percussão.”

Glamurama: Você já tocou com muita gente… até com Cindy Lauper, em turnês na Europa e no Brasil. Relembre alguns momentos inesquecíveis que viveu com a cantora.
Lan Lanh:
“A turnê com Cindy [Lauper] surgiu um pouco antes de eu começar a namorar Nanda, há cinco anos. Eram os shows do álbum “Memphis Blues” – disco em que Cindy voltou às origens, da mesma forma como eu estou fazendo agora. Cindy pediu à produção que percussão brasileira fosse introduzida no espetáculo. Estreei em um show, em Recife, sem ensaio. Encarei e deu certo! O blues tem uma raiz afro, então depois disso ela me convidou para fazer o ‘Carnival Blues’. A partir daí nos tornamos amigas. Ela dizia que ‘foram os espíritos’ que nos uniram. Apresentei a ela um Brasil que ela nunca imaginaria conhecer: do Pantanal, onde comeu diversas iguarias como peixes de rio e caldo de piranha, à feijoada. Continuamos próximas até hoje.” (Por Julia Moura)

Abaixo um vídeo de Lan Lanh publicado no Story mostrando Nanda Costa na cama, acordando.

 

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