Prêmio Shell: protesto, emoção, presença rara e palavrão para negar pedido

Renata Sorrah, Marieta Severo com Aderbal Freire-Filho, Laila Garin, Marco Nanini e Enrique Diaz com as filhas: coxia

Chamava a atenção no Prêmio Shell, essa terça-feira no Teatro Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico do Rio, uma turma de uns dez, toda vestida com capas prateadas. “Quem são eles?” Essa era a pergunta que dominava o evento. Eram integrantes do movimento “Reage, Artista”, empinando faixas de protesto contra as políticas públicas para a cultura. Eles chegaram a subir no palco, bem alegres. Ao ganharem o microfone, ficou difícil entender o discurso: “Axé! Amo a Shell. Axéll… Viva os garis!”

* Laila Garin foi anunciada por Renata Sorrah, a mestre de cerimônias, como melhor atriz por “Elis, a musical”. Superou Camilla Amado, Bárbara Paz, Zezé Polessa e Suely Franco. “Preciso respirar! Quero agradecer ao Dennis [Carvalho, diretor] por inventar essa maluquice de me escolher para ser Elis. Ele é muito delicado, afetuoso, cuidadoso. Me deu estrutura para poder voar. É o que mais amo fazer: cantar no palco.” Foi a deixa para alguém gritar: “Dá uma palinha!” Ela? “Não, porra! Só se eu passar o chapéu”, respondeu, em tom de brincadeira. “Se o ator faz bem, torna invisível o trabalho de quem está por trás. Se ficarem olhando para o seu sapato em cena, tem algo errado… Eu queria dividir… O dinheiro não sei se vou, mas, eu digo simbolicamente… Com os meus colegas de teatro.”

* Enrique Diaz foi eleito melhor ator por “Cine Monstro”. Recém-separado, ele subiu com as filhas para receber o troféu.  Julia Spadaccini foi a vencedora na categoria melhor autor por “A Porta da Frente”. Ela, que também concorria com “Aos Domingos”, chorou – e não foi pouco. Comoveu a plateia inteira. Aderbal Freire-Filho ganhou como melhor diretor por “Incêndios”, que tem sua mulher, Marieta Severo, no elenco. Também emocionado, ele lembrou: “Um dos primeiros prêmios que recebi… Eu era jovem e agradeci muito pela grana. Lembro que disse até o que eu ia comprar: sapato, calça… Eu vivia ruim, mostrava a pobreza do teatro. Agora que eu estou melhor, faço programa na TV, vejo que a pobreza do teatro é ainda maior. O dinheiro eu vou doar para a SBAT [Sociedade Brasileira de Autores], que tem 100 anos, e vai ser muito pra ela. ”

* E sabe quem apareceu para prestigiar o evento? Marco Nanini, presença rara. “A vida nos separa dos amigos depois dos trabalhos. É bom encontrá-los. Ganhar um prêmio é um plus. Aqui no Brasil, estar em cena já é prêmio. Fico feliz por o Prêmio Shell não ter sucumbido, como tantos outros. Por isso, ganhar ou perder não tem diferença.” (Por Michelle Licory)

 

 

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