Entre as inúmeras mudanças que a pandemia de Covid-19 ocasionou no universo fashion, uma das que mais chamam atenção tem a ver com a popularização de influencers da China entre os seguidores de redes sociais do Ocidente. Antes praticamente inimaginável, a “tendência” é resultado do olho cada vez mais atento das grandes marcas de moda do hemisfério norte no mercado consumidor de luxo chinês, que mesmo apesar da crise causada pelo novo coronavírus continua crescendo bem mais do que a média mundial.
E em tempos de desaceleração de vendas focar na região que continua apresentando bons índices de lucro para essas companhias não é apenas um modismo de ocasião, mas necessidade. Dito isso, vários países emergentes da Ásia e, sobretudo, a China, têm suas próprias plataformas sociais nas quais fashionistas locais são celebridades de primeira grandeza. Uma delas é o site de vídeos chinês Bilibili, com seus mais de 130 milhões de usuários.
Meio YouTube, meio Snapchat, o Bilibili – cujas origens datam de 2009, mas funciona com o nome atual desde 2014 – se tornou um paraíso principalmente para as blogueiras de maquiagem chinesas. Uma delas, Fiona Xu Yan, acaba de ser eleita uma das “Influencers Chinesas Para Se Conhecer em 2021” pela revista online “Business of Fashion”. Fiona, de acordo com a publicação, é uma KOL – sigla para a expressão em inglês “Key Opinion Leaders”, ou “Líderes de Opinião Chave”, em tradução livre.
Os KOLs representam um nicho de profissionais cujo poder de impacto econômico foi estimado em US$ 18 bilhões (R$ 90,8 bilhões) no ano passado, uma cifra com taxa composta de crescimento anual de mais de 40% desde 2017, e que deverá superar os US$ 50 bilhões (R$ 252,2 bilhões) em 2022. Tudo isso, basicamente, graças aos likes e às visualizações do que compartilham com seus fãs virtuais (no caso dos vídeos de Fiona publicados no Bilibili, já são mais de 19 milhões de visitantes únicos, o que por si só explica seu sucesso).
Dizer que os influencers já conquistaram seu espaço como formadores de opinião entre os consumidores mais jovens soa até como lugar comum nos dias de hoje. Mas a novidade nesse quesito fica por conta de Fiona e seus pares na China, que daqui pra frente contarão com a atenção da parcela da população mundial que não fala sua língua mas entende de seus gostos – um fenômeno que, não fosse pela atual situação em que todos vivemos, talvez tivesse demorado mais alguns anos para se tornar realidade. (Por Anderson Antunes)