O documentário ‘Em Nome de Deus’, lançado no ano passado no Globoplay, chega à TV aberta. A minissérie, que revela crimes sexuais atribuídos a João de Deus, foi realizada ao longo de 18 meses, e mostra encontros e depoimentos de mulheres vítimas do médium.
Conduzido por Pedro Bial e pela roteirista Camila Appel, a série documental de três episódios tem como ponto de partida as investigações que levaram às primeiras denúncias feitas no programa “Conversa do Bial”, em 2018. A ideia é, principalmente, fazer com que o telespectador reflita sobre o assunto e entenda a gravidade. Confira entrevista com Pedro e Camila sobre os detalhes da minissérie:
Como vocês avaliam a exibição de ‘Em Nome de Deus’ na TV aberta?
Pedro Bial: A exibição na TV aberta para nós é uma grande realização e uma alegria, porque quando a gente faz algo desse tamanho, com essa paixão e dedicação – fizemos a finalização e a edição da série em meio à pandemia – queremos ser vistos pelo maior número de pessoas. Acho significativo que, quase um ano depois da estreia no Globoplay, a série não tenha perdido em nada a atualidade, relevância ou pertinência. Eu acho que ali temos alguns vislumbres do Brasil, de distorções que o país permite que cresçam e façam mal a muita gente, e de como os brasileiros caem fácil, e com gosto, em discursos messiânicos, mitificadores e buscam soluções mágicas.
Camila Appel: É muito gratificante. A repercussão do lançamento no Globoplay nos indicou como, a partir de um caso específico, é possível criar ressonância com histórias individuais. Na época, eu recebi muitas mensagens de pessoas que foram inspiradas por essa série para finalmente contar seus casos a familiares e irem adiante com suas denúncias. Saber que um documentário como este pode alcançar milhões de brasileiros é apostar que esse potencial reverbere ainda mais.
Na sua opinião, qual será o impacto no grande público?
Pedro Bial: Esperamos que esse público ampliado da série possa levar a mais reflexão e mais tomada de consciência de mulheres, homens e dos brasileiros em geral.
Do ponto de vista de quem mergulhou nas investigações, o que o público pode esperar de uma série como essa?
Camila Appel: Torço para que a tragédia exposta pelas pessoas nesta série documental seja catalisadora e que algo bom e bonito surja em cada um que assistir. Abuso sexual e violência são injustificáveis e inaceitáveis.