Patricya Travassos está “muito hippie, de outro mundo” em “Espelho da Vida”, trama das seis da Globo, como mãe da vilã interpretada por Alinne Moraes. “Minha personagem diz que Edimeia [seu nome de batismo] morreu, e que agora ela é Grace. Sofreu uma enorme transformação espiritual… Ela é esotérica, bruxinha, sensitiva”.
Um dos grandes baratos de estar nesse trabalho? “Ser dirigida pelo Pedro Vasconcellos. Ele era uma criança de 16 anos no elenco de ‘Vamp’ [maior sucesso da atriz] e de repente é diretor de núcleo da TV Globo, assumindo essa novela sozinho. É sensacional ver a trajetória dele e é também maravilhoso poder trabalhar com ele como diretor. O mundo gira, eles crescem e de repente aquelas crianças estão te dirigindo. É o máximo”.
Por falar em “Vamp”, incomoda ser eternamente lembrada como a vampira perua Mary Matoso? “Não me incomodo a mínima. Tenho o maior orgulho da Mary Matoso. Você só se incomoda quando só é lembrada por isso, como se não tivesse feito mais nada depois… Mas respeito todo o fenômeno ‘Vamp’. Foi numa época em que TV era a única coisa que tinha então os números de Ibope eram surreais. A novela dava 80 pontos! Realmente uma coisa enorme comentada até hoje”. Se tivesse um remake, faria a personagem de novo? “Já teve um remake, com outro nome, mas sem nenhum ator do elenco original. Só o Ney [Latorraca] acho…”
E o musical para o teatro de “Vamp” [com Claudia Ohana revivendo a vampira Natasha]? Gostou? “Fui ver na estreia – e a estreia foi meio catastrófica. Aconteceu um monte de coisa errada, mas foi legal. Não é ‘Vamp’. É inspirado em… Seis meses de novela reduzir a duas horas de teatro não dá. Mas é uma historinha baseada…”
Perguntamos se tinha tempo que Patricya pensava em voltar a fazer novelas. “Não estava nem pensando nisso. Tinha acabado de estrear uma peça e estou fazendo ‘A Vila’ com o Paulo Gustavo no Multishow, outros projetos… Interrompi algumas coisas pra fazer ‘Espelho da Vida’. Sempre fiz novela… Estava afastada. Fiquei muitos anos na Record, fazendo novela lá, então parecia que eu não estava no mercado, mas eu estava! E continuei nas séries, programas de humor na TV fechada… Aí a Globo me chama pra fazer novela… Achei o convite superlegal. Nunca fiz uma novela das seis e nunca fiz uma obra da Elizabeth Jhin. Novela te traz visibilidade, é sempre um trabalho mais inteiro, mais redondo, e novela na Globo tem um acabamento, uma estrutura de trabalho ótima”.
Que tal essa volta à emissora? “Estou adorando voltar para a Globo, uma empresa na qual trabalhei milhares de vezes e é minha gênese na televisão”. É um retorno definitivo? “Não é definitivo, um contrato longo. É um contrato por obra certa [só para fazer ‘Espelho da Vida’]. Está sendo assim pra quase todo mundo. É um novo momento da emissora. E pra mim está ótimo, maravilhoso assim”.
Sobre colegas veteranos que não tiveram contratos de décadas renovados… “A Globo está colocando para as pessoas que não está tirando ninguém, e sim mudando a forma de contratação. Daqui a pouco essas pessoas vão aparecer de novo na emissora, mas trabalhando por obra certa, não como contratadas. Isso está acontecendo no mundo todo. É uma mudança. A TV está mudando, a internet está crescendo. É uma nova realidade. E hoje temos as séries todas de TV fechada, streaming… Outras plataformas para trabalhar… É só o Brasil melhorar pra gente ter mais mercado de trabalho, mas a estrutura está toda pronta pra isso”. (por Michelle Licory)