Há tempos que Maria Fernanda Cândido não tinha um papel tão marcante quanto Joyce, sua personagem em “A Força do Querer”. Desde Paola em “Terra Nostra” (1999), para ser mais exato, que ela não demonstrava tanta força na TV. Nos últimos anos, dedicou-se muito a seus projetos culturais na Casa do Saber, na qual é sócia, e à sua família.
E as vésperas da novela chegar ao fim, Glamurama fez um link entre ficção e vida real da atriz, a fim de saber sua opinião sobre as barras enfrentadas por sua personagem na trama, sobretudo a traição de seu marido Eugênio (Dan Stulbach) e a mudança de gênero de sua filha Ivana (Carol Duarte). Uma personagem amada por uns e odiada por outros, da qual Maria Fernanda evita ao máximo manter uma conexão com sua vida real. Ao papo!
Glamurama: Você dá muitos palpites sobre seu personagem na novela?
Maria Fernanda Cândido: “Trato o texto como uma joia. Gosto de me aprofundar nas construções gramaticais, observo a pontuação, os verbos escolhidos pela autora, enfim, está tudo lá: os tempos, as respirações e as intenções. Mesmo assim sinto liberdade para acrescentar ou modificar algo que julgo necessário e o faço muito raramente. Uma novela é uma construção coletiva.”
Glamurama: Em que você, Maria Fernanda, se parece com a Joyce?
Maria Fernanda Cândido: “Não me pareço em quase nada com a Joyce.”
Glamurama: Como você acha que um casal pode superar uma traição como a de Eugênio a Joyce?
Maria Fernanda Cândido: “Sempre difícil falar da vida dos outros. Cada casal deve encontrar sua forma de superação e se de fato aquilo precisa ser superado. Para alguns pode ser um momento final. Para outros há chance de um recomeço.”
Glamurama: Qual vida anda mais emocionante atualmente: a sua ou a da Joyce?
Maria Fernanda Cândido: “De ambas. Ela aprendendo com as situações e tendo que se adaptar a uma nova realidade, já eu vivendo esse momento positivo em que uma importante discussão foi lançada por meio da nossa dramaturgia.”
Glamurama: O modelo de família perfeito de Eugênio e Joyce sofreu um abalo muito grande. Você acha que há alguma forma das famílias se prepararem para enfrentar situações como estas?
Maria Fernanda Cândido: “Penso que cada vez mais as pessoas estão aceitando e entendendo seus filhos. Faz parte de um movimento de geração. Não só na parte sexual, mas também em diversas esferas. É um passo fundamental para a aceitação do outro.”
Glamurama: Como você encara, hoje, a transexualidade?
Maria Fernanda Cândido: “Como parte da existência humana.”
Glamurama: Como mãe, qual conselho você dá aos pais que estão na situação da Joyce?
Maria Fernanda Cândido: “Que o amor e a aceitação devem vir antes de quaisquer preconceitos.”
Glamurama: Após a novela, você pretende tirar férias? Se sim, o que quer fazer?
Maria Fernanda Cândido: “Estou tão envolvida com as gravações que ainda não consegui parar e pensar nisso.”
Glamurama: Já tem projetos futuros em vista?
Maria Fernanda Cândido: “Sim, tenho. E aproveito para convidar a todos para o Ciclo de Leituras Teatrais da Casa do Saber, que acontece todo último sábado do mês.”
(Por Julia Moura)