Ambos respeitadíssimos no meio intelectual da França, os filósofos Jean-Paul e Raphaël Enthoven têm sido personagens frequentes nas páginas de fofocas dos jornais de lá de umas semanas pra cá. O motivo de tanto falatório? Pai e filho bateram de frente por causa de um livro publicado pelo último recentemente, no qual o autor relata a infância supostamente sofrida que teve e comete o que Jean-Paul classificou como “indiscrições desnecessárias” sobre certos assuntos de família que não deveriam ser tocados em público.
A obra em questão é a autobiografia “Le Temps Gagné” (“Tempo Ganho”, em tradução livre), que chegou às livrarias francesas há cerca de um mês. Nela, Raphaël ainda escreveu que sofreu bastante para “sair da sombra” do patriarca dos Enthovens, de quem sempre ouvia que “ganhar tempo é preciso”, e que por sua vez declarou mais tarde ter ficado “de coração partido” com as revelações feitas pelo herdeiro que acabou deserdando em consequência do desentendimento.
Os Enthovens não são estranhos aos escândalos. Muito tempo atrás, os dois também se tornaram alvos de rumores depois que Carla Bruni, então a namorada de Jean-Paul, o deixou para viver um romance com Raphaël. A ex-primeira-dama francesa, aliás, foi muito bem retratada no polêmico livro (Raphaël a descreve como “a mulher ideal”), uma novidade literária chamada de “retrato fiel do socialismo de champanhe” da Rive Gauche de Paris pelo “Le Figaro”, que também a recomendou a seus leitores para a quarentena. (Por Anderson Antunes)