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O ator Otávio Müller entra em cena e fala de família, de arte, de preconceito e das loucuras que já fez nos palcos || Créditos: Fabio Xavier. Stylist Cuca Ellias
O ator Otávio Müller entra em cena e fala de família, de arte, de preconceito e das loucuras que já fez nos palcos || Créditos: Fabio Xavier. Stylist Cuca Ellias
O ator Otávio Müller entra em cena e fala de família, arte, preconceito e das loucuras que já fez nos palcos || Créditos: Fabio Xavier. Stylist Cuca Ellias

Ele é pai de um filho de Preta Gil, com quem foi casado, e padrasto de Rômulo Arantes Neto, galã da Rede Globo que estourou na novela das 9, “Império”, encerrada em março. As relações familiares de Otávio Müller são tão improváveis como civilizadas. Ele fala de Francisco Gil e das duas filhas menores, irmãs de Rômulo, com a mesma boca com que se refere ao ator: “O pai dele morreu quando ele era muito novo e desde então ele mora conosco. É algo no meio, entre um filho e um enteado, uma relação que não tem nome, mas é muito forte”, explica. Com Preta a relação também é das melhores, ele até conta que conheceu o cantor Naldo (figura que cita sempre que quer ilustrar algo exagerado e extravagante) numa festa que ela deu em sua casa. Sim, ele emprestou a casa para a ex-mulher dar uma festa. Coisa de artista.

Chegamos no estúdio para o ensaio fotográfico e encontramos um Otávio jogadão no sofá, jeans, camiseta branca e mocassim, e uma cara de ontem. “Esses voos do Nordeste são terríveis, saem sempre de madrugada”, explica, completando que já está acostumado a não dormir quando está em turnê por lá (atualmente ele apresenta a peça “A Vida Sexual da Mulher Feia”, um monólogo em que dirige e atua, nos finais de semana em Fortaleza). “É um problema quando alguém quer conversar. Hoje o voo saiu às 3h30 e a passageira ao lado queria fazer amizade…” E como ele sai dessa? “Eu tenho um personagem público que funciona sempre, e é o contrário de mim: faço que sou muito tímido e muito educado. Funciona!” Rimos todos – algo não tão comum na conversa como pode parecer. Apesar de divertido e cheio de caras e bocas, o ator não é piadista e nem parece preocupado em arrancar gargalhadas dos interlocutores. Ele se mostra disposto e sai logo tirando a roupa no meio do estúdio – depois de pedir licença e se certificar de que não incomodava ninguém – e experimentando o primeiro dos três ternos que usaria para as fotos.

“Não tem como ser vaidoso, eu sou gordo desde sempre”, se autoironiza, garantindo que não entra em loja quase nunca. “A maioria das minhas roupas eu acabo pegando do figurino da Globo. Eu fico usando a roupa do personagem um tempão e acabo pedindo para as produtoras organizarem para eu comprar”, conta. Malhação também não é a dele, mas a alimentação é bem regrada, à base de orgânicos e saladas. “Nunca fui junkie. Adoro, claro, comer, mas comer saudável”, completa. É inusitado saber desse jeito largadão do homem que viveu Tadeu, talvez seu personagem mais emblemático, casado com Ariel (José Wilker) na novela “Desejos de Mulher”, de 2002, ligadíssimo no mundo da moda. O sucesso foi tanto que ele e Wilker foram os convidados especiais da Parada Gay daquele ano. Apesar disso, Otávio não se tornou exatamente um ativista da causa, que julga antiga. “Eu preciso voltar anos pra falar disso. Em 2015 isso ainda é uma questão? Acho que os caretas deviam começar a fazer coisas caretas. Vai lá e faz um filme homofóbico, racista, atrasado, e para de perseguir os outros. A novela ‘Babilônia’ está sendo boicotada por conta do romance entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg, um absurdo”, acredita ele.

De fato, ele não tem preconceitos em cena. Otávio, que atualmente pode ser visto, na televisão, na pele de Djalma, o dono da loja de vestidos de noiva do seriado “Tapas & Beijos”, já interpretou gays em vários momentos – “numa peça que fizemos com o Zé Celso Martinez Côrrea, eu e o Selton Mello nos masturbávamos mutuamente no palco” –, agora vive uma transformação ao vivo na peça que está encenando. Entra como homem e vai trocando de personalidade enquanto conta as histórias da trajetória sexual da mulher feia que encarna. Todos os ingredientes de uma comédia de sucesso com um ator famoso. “Mas não é só para ver o cara da televisão: há, sim, público de teatro no Brasil, senão não sobreviveríamos sem patrocínio como ocorre. A gente trabalha muito e lota o teatro”, explica, aproveitando para reclamar que os velhos teatros de rua estão abandonados pelo poder público. As casas, de fato cheias, hoje ficam dentro de shopping centers.

por Fábio Dutra para a revistas PODER de maio

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