Os detalhes do show de Stevie Wonder e Gilberto Gil, no Rio

 

Por Paulo Sampaio

O caminho de areia fofa de cerca de 100m que levava do camarote à plateia VIP do show de Stevie Wonder e Gilberto Gil, ontem, na praia de Copacabana, colocou as celebridades para malharem panturrilha. Luana Piovani, Erika Mader, Mariana Ximenes, Sharon Menezes, Fernanda Paes Leme, todas atravessaram o mau pedaço aos bufinhos. Turbinadíssima, Viviane Araújo acionou a tração nas 4 e chegou do outro lado pronta para mais três idas. “Isso aqui café pequeno”, disse. O secretário do estado do Ambiente do Rio, Carlos Minc, conhecido por sua extravagante coleção de coletes, suou o modelo em seda com motivos ecológicos que ganhou de Carlos Tufvesson. “Trata-se de uma demonstração visível de derretimento causado pelo efeito estufa. Em compensação, o Gil é o exemplo em forma de gente de energia renovável. Ele se retroalimenta na própria criatividade”, aplaudiu.

*Enquanto isso, do lado de fora: “Eu sou Leiloca”, identificou-se a ex-Frenética no Portão B, a um segurança que pediu sua credencial de jornalista. “Eu não sou jornalista!”, impacientou-se Leiloca, que estava com uma amiga. “O portão dos Vip é ali..”, apontou o segurança. “Eu não sou VIP, eu vim como ‘cerimonial'”. “E a credencial, senhora?”, insistiu o segurança. Ela passou a ligar freneticamente de seu celular para um número que não atendia. Acabou entrando no show por outro acesso, meio passada, mas logo foi vista dançando animadamente ao som de “No Woman No Cry”.

*Gil fez homenagem emocionada à dona Canô, mãe de Caetano e Bethânia, que morreu ontem: “Vida longuíssima, tantos filhos, trabalho, esforço, devoção. Nossa Senhora de Santo Amaro, viva mãe Canô. Ela que tinha tanto orgulho do Samba de Roda”, e emendou “Marinheiro Só” e “Andar com Fé”. O povo aplaudiu loucamente.

*O baiano entrou às 20h, hora marcada para o começo, e o empresário André Midani fez questão de lembrar a “rara pontualidade” (em um espetáculo de música). Lá pelo meio do show, a banda tocou o começo de “Eu Ia lhe Chamar, Enquanto Corria a Barca” em ritmo de salsa e, logo depois do “Preta, Preta, Pretinha”, entrou no palco a própria, num modelão megadecotado vermelho: “Arrasante!”, disse Gil para a filha. E ela: “Coloquei esse vestido para você!” Ele riu. Preta cantou “Meu Corpo Quer Você”, acompanhada do luxuoso backing vocal do pai, que mandou um indefectível tchu-ru-ru.

*Na plateia, o comediante Paulo “Minha Mãe É Uma Peça” Gustavo levava nas mãos um par de mocassins cor de gelo cravejados de spikes. “Adoro Louboutin, tenho vários pares, acho jovem, moderno, até coloco para assistir Gil, mas não na areia!”

*Algumas músicas adiante, ali perto, os fotógrafos pediam à Narcisa Tamborindeguy que posasse com fãs que gritavam o nome dela do lado de fora do cercadinho VIP. Enquanto os abraçava para fazer a foto, montada na cerca de metal, ela gritava alegremente uma versão revisitada (por ela mesma) de “Palco”, que Gil estava cantando. A letra da música by Narcisa diz: “Subo nesse talco, minha alma cheira a palco, como bumbo de bebê…”

*Entre o show de Gil e o de SW, os VIP voltaram para o camarote atrás de comidinhas. Mais malhação de panturrilha. Para repor: sucos de frutas, sanduichinhos de ricota, beringela grelhada e pene ao pomodoro. Bombas calóricas opcionais: whiskão, cerveja, friturinhas, brigadeiro e a inacreditável mini-pizza de chocolate com cobertura de jujuba. Mart’nália e sua irmã, Maíra Freitas, também cantora, falavam que Stevie Wonder é a trilha sonora delas. “Já tinha ido ao show dele no Imperator [no dia 23], sou fã total”, contou Mart’nália, convidada por Miguel Falabella para fazer um papel na minissérie Pé na Cova, que estreia agora em janeiro. O nome do personagem é Tamanco. E qual é a história? “Ah, é muita coisa pra contar.”

*Um segurança que monta guarda no limite da área VIP, na plateia, dá a sua explicação para o fato de a ala dos “mortais” estar muito mais bem localizada, em relação ao palco, do que a das celebridades. Com um carioquês afiadíssimo, cheio de saber de tudo, ele afirmou: “Isso foi uma briga danada da Prefeitura com a produção do show, porque a secretaria da cultura queria que o povo não pagante, o cidadão comum da cidade, fosse o privilegiado – e não meia dúzia de celebridades”. Glamurama foi saber do prefeito Eduardo Paes se era isso mesmo. Pra quê. A resposta afirmativa veio com uma preleção longuíssima sobre a democracia, “que é um dos pilares do meu governo”.

*Stevie Wonder entra em cena e apresenta os filhos, a crooner Aisha, musa de “Isn’t She Lovely”, e os dois menores, Kailan e Mandla, um deles vestido de Papai Noel. Na primeira parte do show, SW tocou basciamente canções em ritmo de reggae. O povo não se animou muito, até que ele cantou Garota de Ipanema. Mesmo assim, em seguida rolou uma dispersão. SW fez “Pshsh-sh-shshshshs” e apareceu seriíssimo no telão. Deu um tempo, até o povo perceber que não era brincadeira. Só então, continuou: “…there’s a ribbon in the sky for our loooove” Animar, mesmo, SW conseguiu quando tocou uma sequência que incluía “If You Really Love Me”; “Signed Sealed Delivered” e “Don’t Worry About a Thing”. Nesta última, Otto, que estava sentado no chão com uma moça que deu PT, deixou-a ainda pálida na areia e se levantou para dançar. Descamisado, ele tirou a echarpe de linha roxa do pescoço, amarrou na cabeça e passou a bater palma com os braços levantados. Loucura. Um tempo depois, foi visto com a moça sentado tipo testa na testa em um ponto do caminho de areia fofa, e, logo em seguida, ela sumiu. No final, ele pegou Lázaro Ramos para conversar no camarote. E blá-blá.

*No palco, o espetáculo apenas caminhava. Em sua participação no show de SW, Gil cantou “I Just Called to Say I Love You”, também na versão em português. Parecia estar pouco à vontade. Em determinado momento, perguntou a Wonder, meio sem graça: “Should I stay (on the stage), or should I go?” Saiu em meia hora, depois de levar “Samba de Uma Nota Só” e, junto com o outro, “You’re the Sunshine of My Life”. De vez em quando, Wonder fazia para o público perguntas “de brincadeira” que não servem exatamente para animar uma apresentação. Tipo: “Vocês estão prontos para ir embora?”. Assim, para muitos, o show não acabou no final. Foi acabando…

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