OnlyFans no clímax: bilhões, nudes e a monetização da baixa libido da Gen Z

Foto: Nikolas Kokovlis/NurPhoto via Getty Images)

O recente balanço financeiro da Fenix International, a controladora do OnlyFans, serve como um atestado robusto da prosperidade crescente no segmento do entretenimento adulto. Com um incremento anual de 21% nos lucros antes de impostos, atingindo a marca de US$ 525 milhões (R$ 2,6 bilhões), a plataforma colaborativa elevou a monetização da intimidade a um nível sem precedentes. Esse valor é impressionante, mas é apenas uma fração do sucesso financeiro da empresa diante dos US$ 5,6 bilhões (R$ 27,4 bilhões) em receitas geradas pela venda de conteúdo proibido para menores por seus usuários. Destes, 80% do montante foi para o bolso dos próprios criadores de conteúdo. O fenômeno, no entanto, vai além da simples economia do desejo. Entre os beneficiados, Leonid Radvinsky se destaca, com seu patrimônio crescendo em ritmo acelerado e atualmente na casa de impressionantes US$ 2,1 bilhões (R$ 10,3 bilhões).

O bilionário nascido na Ucrânia apostou todas as fichas em 2018, quando comprou o OnlyFans em um momento em que ninguém nem sonhava com o novo coronavírus. Essa aposta, que para alguns parecia insensata, provou ser uma tacada de mestre. No último ano fiscal, ele embolsou um dividendo bruto de US$ 338 milhões (R$ 1,6 bilhão), aproximadamente o mesmo montante que havia investido na plataforma. Esse sucesso também serviu para atrair celebridades como suas mais recentes usuárias Drea de Matteo, Denise Richards e Carmen Electra e até Anitta, consolidando o OnlyFans ainda mais como um fenômeno da cultura contemporânea.

Contudo, há fragilidades por trás desse sucesso estrondoso. A própria Fenix International recentemente investiu US$ 19,9 milhões (R$ 97,3 milhões) em Ethereum. Este investimento, conforme revelado em seu último relatório anual, depreciou para US$ 11,4 milhões (R$ 55,7 milhões) devido a instabilidades econômicas. Esse revés serve como um lembrete de que, por mais lucrativo que seu modelo de negócio pareça, o OnlyFans ainda enfrenta um certo estigma histórico de marginalização e volatilidade no mercado financeiro – e também os concorrentes que estão surgindo, como o brasileiro Privacy, ameaçando seu domínio.

Essa má fama, contudo, começou a mudar dado o impacto que a pandemia teve sobre o OnlyFans. A plataforma se tornou uma alternativa vital tanto para consumidores quanto para criadores de conteúdo de manterem a libido e as contas em dia durante os períodos de quarentena. Agora, com a retomada gradual das atividades em um contexto pós-COVID-19, o novo desafio é sustentar esse ímpeto em um mundo que redescobriu o valor do contato humano.

Foto: Getty Images

Outras questões, como o debate sobre a propriedade do conteúdo disponibilizado na plataforma, se tornam ainda mais complexas quando consideramos o fator soberania. Seriam os vídeos e fotos picantes propriedade de quem os vende, de quem os compra ou do próprio intermediário, o OnlyFans? Questões legais e tendências regulatórias deixam no ar dúvidas e abrem um campo para debates éticos e judiciais, apontando para uma fronteira ainda não totalmente explorada na economia digital.

Curiosamente, estudos mostram que a Geração Z é menos sexualmente ativa do que as gerações anteriores, mas está mais conectada do que nunca, o que pode ser um fator-chave para o sucesso contínuo do gigante dos nudes. Esse grupo demográfico, imerso em tecnologia desde o nascimento, pode encontrar no site uma forma mais confortável e descomplicada de explorar a sexualidade e a intimidade. Além disso, sua familiaridade com o mundo digital os torna mais propensos a aderir e até monetizar essas plataformas, solidificando a relevância do OnlyFans em um futuro cada vez mais digitalizado.

Em resumo, a trajetória do OnlyFans é uma dança complexa entre a dura realidade dos números e a psicologia volátil do desejo. Radvinsky, como o arquiteto desse império, enfrenta desafios e oportunidades imensas para o futuro. E o futuro promete ser uma combinação de produto e experiência, ambos cada vez mais seletos e culturalmente relevantes. É nessa sutileza que reside a verdadeira revolução: não na exposição, mas na discrição. Estamos entrando na era do “sexo silencioso”, uma quietude que fala volumes, mas sem dizer uma palavra.

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