A distância que existe entre o mercado financeiro e o chamado mundo real – os agentes do mercado financeiro, como se sabe, acreditam que são eles que vivem no mundo real – é conhecida, famosa e já não rende exatamente as melhores piadas.
Por essa lógica, o Brasil vive um momento esplendoroso, com a taxa Selic em seu patamar histórico mais baixo e uma fila de empresários batendo à porta da B3, a bolsa de São Paulo, para abrir capital de seus negócios. Desemprego recorde não é um número que nos diz respeito.
Agora, ao menos na Europa, são as celebridades que embarcam na onda dos IPOs. Na Itália, a instagrammer Chiara Ferragni, com seus 21 milhões de seguidores, vem falando em abrir capital, embora não se saiba de qual de suas empresas, cuja projeção de valor de mercado, somadas, pode chegar a 80 milhão de euros. Uma delas, a Sisterhood, que coordena as campanhas de marketing de Chiara, faturou 11 milhões de euros em 2019, segundo a imprensa italiana. O IPO pode não dar certo, mas vem projetando no imaginário coletivo a Borsa, a bolsa de Milão, para alegria do CEO Raffaele Jerusalmi.
Aqui no Brasil Claudia Leitte, uma das rainhas do axé, está se juntando ao ex-presidente da P&G brasileira, Tarek Farahat, na startup Vênus. A ideia de Farahat era usar a cantora – e seu ativo de 22 milhões de seguidores no Instagram – como chamariz publicitário, mas Claudia mostrou ter planos mais ambiciosos. Ela se tornou CCO da empresa. (por Paulo Vieira)