Completar 90 anos de vida é, por si só, um grande feito. E atingir a idade avançada ostentando títulos como o de “último grande mestre da moda vivo” e “o rei do vermelho”, então, é mais do que glorioso. E Valentino sabe muito bem disso, tanto que o aniversariante dessa quarta-feira (11) em que completa nove décadas muito bem vividas seria o primeiro a reconhecer suas próprias glórias – que são muitas, por sinal.
Longe de ser esnobe, Valentino Clemente Ludovico Garavani, nascido em 11 de maio de 1932 em Voghera, na região italiana da Lombardia, na época parte do extinto Reino da Itália, sabe da importância que tem porque nunca esqueceu de onde veio.
Ousado desde muito cedo, o estilista se mudou aos 15 anos para Paris, para estudar alta-costura, com a chance única de ter como seus “professores” Cristóbal Balenciaga, Jean Désses e Guy Laroche, aos poucos tornando seu próprio nome também em algo a mais do que somente um costureiro. Depois de passar anos batalhando para conquistar esse provenance, Valentino voltou para a Itália em 1959, já com planos de montar sua marca, o que fez no ano seguinte com dinheiro emprestado de seu pai.
Hoje uma gigante com vendas anuais na casa das centenas de milhões de euros, a Valentino S.p.A., sediada em Roma, nasceu em 1960 como um estúdio na Via Condotti da capital italiana, tornando-se em pouco tempo “the talk of the town” entre as mulheres de lá fãs de haute couture. Isso somado ao talento para os negócios e para a gestão de Giancarlo Giammetti, sócio e namorado ioiô dele desde seus primórdios no mundinho, tornou a empresa uma das mais idolatradas por fashionistas.
De Elizabeth Taylor à Anne Hathaway, passando pela princesa Diana e Jennifer Lopez, Gisele Bündchen, Gwyneth Paltrow e muitas outras, todas vestiram as criações do “Imperador”, apelido dado a Valentino por seus pares. Ao longo de quase quatro décadas, ele reinou absoluto, sempre fez o desfiles mais hypados e que pareciam acontecer em câmera lenta, de tão especiais que foram. Em 1998, no entanto, seu império passou para o conglomerado italiano HdP, que pagou US$ 300 milhões (R$ 1,54 bilhão) ao fundador da S.p.A. para assumi-la.
Desde então, Valentino vive na companhia de seus pugs, se dividindo entre suas casas em Londres, Roma, Nova York e sua favorita, o Château de Wideville, nos arredores de Paris, sempre com Giammetti ao seu lado. Os dois vivem o luxo como, provavelmente, no máximo umas duas centenas de outras pessoas em todo o mundo também o vivem. E fazem isso com uma naturalidade sem par, mesmo a bordo de seu mega-iate “Teresa & Mauro”, batizado em homenagem aos pais de Valentino.
Dizem que o Imperador ainda faz, às escondidas, um ou dois vestidos por ano, mas apenas para clientes italianas seletas que o acompanham quando ele ainda era somente mais um costureiro na Via Condotti. E sequer as cobra por isso, já que o prazer de tocar os tecidos, costurar os pontos invisíveis e do nada ter pronto, em poucas semanas, um “rosso” que as deixa gloriosas.
Certa vez questionado se sabe o que mulheres querem, Valentino respondeu na lata: “Claro que sei, elas querem ser bonitas!”. E isso que ele sempre consegue com seu métier, mesmo quando ela pega a tesoura para essas poucas sortudas: a glória.