O Relógio da Vida: Entre o Tic e o Tac, o que fazemos importa

Foto: Reprodução/Pexels

Vivemos em uma era em que o tempo parece ser um recurso cada vez mais escasso. Os dias se transformam em semanas, as semanas em meses, e de repente percebemos que já é Natal novamente, os filhos estão crescendo rapidamente, as amizades se distanciaram e as conversas longas e significativas tornaram-se raras. A sensação é de que estamos em um trem-bala da vida, com pouco ou nenhum controle sobre a velocidade com que passamos pelas estações.

Diante de um acontecimento triste e recente, fui forçada a enfrentar uma realidade dura e desconfortável: a fragilidade da nossa existência. Isso me levou a questionar: “Se tudo acabar amanhã, qual será o meu legado? Quais memórias deixo para aqueles que amo e para aqueles que comigo conviveram?”

Fui em uma missa linda, onde pai e mãe partiram juntos precocemente, e seus filhos em meio a tamanha tristeza fizeram uma linda e merecida homenagem a eles, com muitas histórias e aprendizados, em meio a choros e risos contaram histórias e lindas lembranças. Quando vi aquela missa, pensei, eles partiram cedo mas cumpriram lindamente seu papel, viveram intensamente e deixaram um lindo legado de amor.

Esse casal não deixou só lições para seus filhos, deixou uma linda história para todos que de perto ou mesmo de longe puderam acompanhar.

Acontecimentos como esse nos obrigam a olhar para dentro e reavaliar nossas prioridades. Vivemos em uma sociedade que preza a eficiência e a produtividade, muitas vezes à custa da nossa saúde mental e relacionamentos. No entanto, a vida não é medida em reuniões de trabalho cumpridas ou na quantia de dinheiro acumulado. O verdadeiro valor da vida reside nos momentos simples, mas significativos, que construímos ao longo desse caminho.

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Quando se trata de legado, não são necessariamente as grandes conquistas que serão lembradas, mas sim os pequenos atos, as palavras de incentivo e as experiências compartilhadas. É o carinho com que tratamos nossos amigos e familiares, é o respeito e cuidado que temos pelo próximo mesmo que não seja tão próximo, é a empatia que em algum momento fez alguém se sentir melhor, o esforço para entender em vez de julgar, e a disposição para estender a mão quando alguém está passando por alguma necessidade.

Então, como nós retomamos o controle do nosso relógio da vida? Começa com a decisão de viver intencionalmente. Isso pode ser tão simples quanto decidir passar uma hora por semana com alguém que você ama ou dedicar um tempo para fazer algo que te faz feliz. Falar o que sente para as pessoas que ama, não deixar de elogiar quando tiver vontade, abraçar, sentir, amar, comemorar as pequenas conquistas, agradecer e aproveitar mais. Se permitir viver as pequenas coisas ou até mesmo as grandes. Viver com menos culpa. Outra estratégia é parar e refletir antes de tomar decisões, grandes ou pequenas, perguntando a si mesmo: “Isso se alinha com as minhas prioridades e valores? Isso me leva para mais perto do legado que quero deixar?”

Nós não podemos parar o relógio. Mas podemos escolher como e com quem passamos o tempo que nos resta entre o tic e o tac. E são essas escolhas que constroem esse legado não apenas para nós mesmos, mas para aqueles que ficarão quando já tivermos partido.

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