O novo coronavírus custou US$ 1 bilhão (R$ 5,27 bilhões) ao bolso de Donald Trump, cuja fortuna pessoal era estimada em US$ 3,1 bilhões (R$ 16,3 bilhões) antes da decretação da pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde, em 11 de março, e agora está na casa de US$ 2,1 bilhões (R$ 11,1 bilhões). A diferença é resultado direto da desvalorização que a crise sanitária sem precedentes em tempos recentes causou no mercado imobiliário de Nova York, onde estão as principais propriedades que formam o patrimônio do político e empresário, que é controlado pela Trump Organization e cujo ativo mais famoso (apesar de estar longe de ser o mais valioso) são seus três andares na Trump Tower de NY.
Com capital fechado, a empresa sofreu reveses parecidos ou até piores do que os de muitas de suas concorrentes que têm ações na bolsa de NY, como são os casos da Boston Properties e da Vornado Realty Trust: ambas perderam em média 37% de seus valores de mercado de meados do mês passado pra cá. No caso específico de Trump, a maior queda foi no valor de seus imóveis comerciais espalhados sobretudo por Manhattan, que há menos de um mês eram avaliados em US$ 1,9 bilhão (R$ 10 bilhões) e agora valem US$ 1,2 bilhão (R$ 6,33 bilhões) – o que representa 57% da riqueza dele.
Mas nem tudo são más notícias para o primeiro presidente bilionário da história dos EUA. Antes de assumir o cargo para o qual foi eleito em novembro de 2016 e quando ninguém nem sonhava com a situação atual que vivemos, Trump optou por vender os cerca de US$ 160 milhões (R$ 844 milhões) que possuía em papéis de várias empresas listadas em bolsas, a fim de evitar conflitos de interesse em seu exercício da presidência do país. Esse dinheiro continua intacto nas contas do republicano e, considerando os seguidos tombos nos mercados globais das últimas semanas, não restam dúvidas de que a decisão de quase quatro anos atrás foi bastante acertada.
No quesito recuperação, no entanto, Trump tem motivos para se preocupar. Isso em razão de uma boa parte de seus negócios estarem atrelados aos campos de golfe que o chefe do executivo americano possui espalhados pelo mundo. Em tempos de recessão como a que se forma, esse tipo de luxo costuma estar entre os primeiros a serem cortados de orçamentos. Além disso, a experiência com o home office forçado em razão da quarentena imposta a praticamente todos os americanos está sendo, em geral, bem-sucedida, o que lá na frente pode ameaçar a performance dos imóveis comerciais que, como já foi dito, respondem por mais da metade de tudo que Trump tem.
Obcecado com as cifras de sua vida financeira privada desde sempre, Trump continua acreditando – e afirmando sempre que encontra uma chance – que o real valor total de seus bens é superior a US$ 10 bilhões (R$ 52,7 bilhões). Nessa conta, defende o atual morador da Casa Branca, entram não apenas seus imóveis comerciais e residenciais, campos de golfe e afins mas também o valor que ele mesmo credita à sua marca – pelo menos US$ 5 bilhões (R$ 26,37 bilhões) – visto como alto demais até pelos analistas mais otimistas. De qualquer forma, Trump não foi o único a perder dinheiro por causa do Covid-19, inclusive porque muitos bancos já estimam que o PIB dos EUA em 2020 deverá ser negativo em razão dos custos que a doença mais ameaçadora do momento causará pelo planeta afora. (Por Anderson Antunes)