O Búfalo da Noite

Guillermo Arriaga, roteirista de “Amores Brutos”, “21 gramas” e “Babel” cansou de ser eclipsado por seu ex-parceiro, o diretor Alejandro González Iñárritu, que constantemente chamava para si também os louros de criação dos filmes que dirigia, e resolveu formar uma nova parceria com o jovem diretor venezuelano, Jorge Hernández Aldana.Juntos eles fizeram, em 2007, “O Búfalo da Noite”, uma adaptação do romance homônimo de Arriaga, publicado em 1999.

 

O filme conta a história de um triângulo amoroso entre Gregório Gabriel Gonzáles, melhor amigo de Manuel, o excelente Diego Luna, mais conhecido no Brasil por “E sua mãe também” e Tânia, Liz Gallardo, um genérico mexicano de Penélope Cruz. Tânia namora Gregório, que é diagnosticado esquizofrênico e internado num hospital psiquiátrico. Enquanto ele se isola, ela começa a namorar Manuel. Gregório volta para casa depois de 3 anos, e suicida-se dois dias depois. Daí em diante, o amigo e a ex-namorada têm que lidar com a perda e a culpa.Quem viu os outros filmes do roteirista, já sabe que ele tem mão pesada. A novidade é que seu novo diretor é mais sutil do que o ex-parceiro, e a história nos joga menos no abandono do que as anteriores. Talvez pelo novo olhar por trás das câmeras, ou por ter sido escrita quando o autor ainda contava com alguma leveza; não há como saber.

 

A verdade é que os personagens de Arriaga estão sempre passando por coisas terríveis e habitam um universo temerário, do qual fugimos como o diabo da cruz. Mas o filme tem o atrativo de mostrar um desejo, maior que a capacidade de compreender, que é muito belo. Existe muita dor em paixões juvenis que acontecem no meio de um furacão, e é bonito quando alguém consegue mostrar essa intensidade, junto com a incapacidade de agir direito ou dar palavras para os sentimentos. E isso, a dupla Arriaga-Aldana conseguiu muito bem. Em alguns momentos, “O Búfalo da Noite” soa meio pretensioso, como se acreditasse que tem mais coisas a revelar do que realmente tem. Mesmo assim, vale totalmente uma ida ao videoclube.

Por Luciana Pessanha

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