Um dos grandes e mais respeitados cineastas do mundo comemora seu aniversário nesta quarta-feira. Francis Ford Coppola faz 82 anos e tem em seu currículo clássicos como “Apocalipse Now”, “O Fundo do Coração”, “The Outsiders” e “Rumble Fish”. Mas sua obra-prima foi mesmo a trilogia “O Poderoso Chefão”.
O filme de 1972 conta a história de uma família de mafiosos que busca a supremacia nos negócios escusos em que atua nos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial e é aquele tipo de produção que fez e continua fazendo sucesso não somente pela qualidade do roteiro e da excelência de seus atores, mas também por conta de situações inusitadas de bastidores que a transformaram, de fato, em lenda.
Glamurama listou algumas dessas curiosidades, confira:
1. Marlon Brando usou e abusou dos “cacos”
O ator americano desfrutou de total autonomia para opinar sobre o roteiro e qualquer outro aspecto do filme e uma das exigências dele foi a inclusão de “cacos” – improvisos – em suas cenas. Funcionava assim: assistentes de estúdio colocavam cartões com palavras que lembravam Brando das falas dele e a partir daí ele desenvolvia o texto. Nada de decoreba. Ah, não raramente os cartões eram colados a objetos do estúdio como câmeras, itens de decoração e, vez por outra, até nas roupas dos atores com quem ele contracenava.
2. Uma das falas mais famosas do filme foi totalmente improvisada
Mesmo aqueles que ainda não assistiram o filme já devem ter ouvido a frase “Deixe a arma, pegue os cannoli”, dita por Peter Clemenza, o personagem do ator Richard Castellano para alguém que o auxiliou em um acerto de contas. A frase não estava no roteiro de Castellano e saiu de improviso depois que Coppola incluiu em outra cena uma fala da atriz que interpretava a esposa de Clemenza e que que dizia para ele “não esquecer os cannoli”. Assista à cena abaixo:
3. A cabeça de cavalo que aparece no filme era real
Talvez o momento mais emblemático de “O Poderoso Chefão” é aquele em que o personagem interpretado pelo ator John Marley acorda coberto de sangue e ao lado da cabeça de um cavalo. Durante a gravação da cena, Marley estava sob a impressão de que a cabeça era cenográfica, mas por decisão de Coppola uma cabeça de cavalo de verdade foi utilizada, o que na época desagradou muitos ativistas de direitos dos animais.
4. A palavra “máfia” não aparece sequer uma vez no filme
Apesar de ser um filme sobre a máfia, a palavra, assim como sua equivalente em inglês, “mob”, não aparece ou é dita sequer uma vez em “O Poderoso Chefão”. Isso foi decidido após uma reunião entre Coppola e representantes de uma ONG de direitos civis ítalo-americana, que lutava contra a propagação de estereótipos relativos aos italianos que moravam nos Estados Unidos.
5. Uma das cenas mais famosas do filme foi resultado de um erro
A cena em que o ator Lenny Montava, intérprete do personagem Luca Brasi, aparece todo nervoso em um encontro com Don Corleone, interpretado por Brando, não estava no roteiro: o nervosismo de Montava, que nunca havia contracenado com o lendário ator, era real. Por falta de tempo para uma segunda tentativa de gravação, Coppola decidiu incluir o material como foi filmado mesmo. O resultado, por incrível que pareça, é um dos melhores momentos do filme. Assista a cena abaixo:
6. Sofia Coppola apareceu em todos os três filmes da trilogia
A filha de Coppola, hoje uma diretora consagrada por méritos próprios, é o bebê da cena de batismo do primeiro “Poderoso Chefão”. Na parte II do filme ela interpretou uma imigrante italiana e no terceiro filme da trilogia ela viveu a filha de Michael Corleone, personagem de Al Pacino, porque a atriz originalmente escalada para o papel, Winona Ryder, desistiu do trabalho na última hora.
7. Brando recusou o Oscar de Melhor Ator por seu papel no filme
Esse não é exatamente um momento de bastidor, mas é um dos fatos mais marcantes relativos a “O Poderoso Chefão”. Indicado à estatueta mais cobiçada do cinema em 1973, Brando venceu o prêmio, mas o recusou, alegando que não poderia aceitá-lo por discordar da maneira como os índios americanos eram tratados por Hollywood. Ele mandou a ativista indígena Sacheen Littlefeatther para representá-lo no Oscar daquele ano e ela ficou tão famosa que, meses mais tarde, até apareceu nua nas páginas da “Playboy”. Assista abaixo ao discurso de Sacheen no Oscar de 1973:
8. Brando não atuou com algodões na boca durante o filme
Ao contrário da crença popular, o ator não atuou em “O Poderoso Chefão” com algodões na boca. Ele fez isso apenas durante um teste de câmera para o filme. Quando as filmagens começaram para valer, um dentista havia produzido uma prótese para o ator ficar com as bochechas mais proeminentes. Brando acreditava que Vito Corleone, seu personagem, deveria se parecer com um bulldog. Coisas de gênio.
9. O gato que aparece com Brando na cena inicial do filme também não havia sido “escalado”
Outra decisão inusitada de Brando foi pegar um gato que surgiu no set de filmagens da produção por acaso e que acabou aparecendo com o ator na cena inicial de “O Poderoso Chefão”. O bichano ronronava tão alto que o microfone de Brando precisou sofrer alguns ajustes. Até hoje ninguém sabe o fim que ele levou.
10. Vários atores famosos fizeram testes para aparecer na continuação do filme
Depois do sucesso de “O Poderoso Chefão”, vários atores consagrados em Hollywood tentaram de todos os jeitos conseguir um papel na continuação do filme. A lista inclui nomes como Warren Beatty, Dustin Hoffman e Jack Nicholson. O papel principal acabou ficando com Pacino, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. (Por Anderson Antunes)