Há 21 anos, a ONU definiu o dia 25 de novembro como o ‘Dia Internacional de Combate à Violência contra as Mulheres’ em homenagem às irmãs Mirabal, com o objetivo principal de denunciar a violência contra as mulheres ao redor do mundo e exigir políticas de erradicação em todos os países.
O movimento surgiu em 1981 para marcar a data em que foram assassinadas as irmãs Mirabal: Patria, Minerva e Maria Teresa. As três foram mortas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, em 25 de novembro de 1960, na República Dominicana. No dia, as três regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos.
O ato de violência gerou manifestações e, em 1999, a ONU reconheceu a data como o “Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher”.
Atualmente a quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 deu um trágico salto: cresceu quase 40% em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). A razão principal é que, devido ao isolamento social, as mulheres ficaram ainda mais reféns de seus agressores e mais limitadas na hora de pedir ajuda.
A denúncia e o pós-denúncia
As denúncias devem ser feitas nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM), que é especializada nesses casos, além de disponibilizar suporte às vítimas. O registro, no entanto, pode ser feito em qualquer delegacia, e a vítima tem direito a atendimento prioritário.
O canal 180 também é uma opção. Foi criado especialmente para casos de violência doméstica. Nele, a mulher pode fazer denúncias e saber informações sobre as delegacias mais próximas de sua residência. Caso a mulher se sinta mais confortável, é possível também entrar em contato com ONGs e projetos sociais que visam a segurança e se fazem cada vez mais necessárias. A seguir, uma lista de locais que acolhem mulheres vítimas de violência doméstica:
Apolônias do Bem
Projeto criado pela Turma do Bem, ONG liderada pelo dentista Fabio Bibancos, a Apolônias do Bem oferece tratamento odontológico integral e gratuito às mulheres que vivenciaram situações de violência e tiveram a dentição afetada durante as agressões. Desde 2012, o projeto já atendeu mais de mil mulheres cisgêneros e transgêneros. Telefone para contato: (11) 5084-7276
Associação Fala Mulher
A Associação Fala Mulher possui diversos serviços que visam proteger a mulher, desde Casa Abrigo com acolhimento provisório que oferece moradia, alimentação, transporte, assistência social, apoio psicológico e atividades socioeducativa, até um Centro de Defesa e Convivência da Mulher, destinado às mulheres em situação de violência doméstica. Telefone: (11) 3271-7099
Asbrad – Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude
Fundada em 1997, a Asbrad tem como objetivo principal apoiar vítimas de violência doméstica e sexual e do tráfico de seres humanos. Assim como a Associação Fala Mulher, a Asbrad possui um abrigo para oferecer assistência social e jurídica de maneira gratuita. Telefone: (11) 2409-9518 | +55 (11) 2408-6448
Instituto Todas Marias
Localizado em Curitiba, o ‘Todas Marias’ é uma instituição filantrópica ativa que escuta, acolhe e encaminha vítimas de violência doméstica e intolerância, em sua grande maioria mulheres, crianças e LGBTI’s. O contato é feito pelo site por meio do e-mail ou chat online.
Centro da Mulher 8 de Março
De João Pessoa, Paraíba, a ONG foi fundada em 1990 e ajuda na defesa e a garantia dos direitos da mulher, das crianças e adolescentes, o combate à violência doméstica e sexual e a equidade de gênero. Telefone: (83) 3241-8001
Justiça de Saia/ Tempo de Despertar
Criados por Gabriela Manssur, promotora de Justiça de São Paulo, os projetos Justiceiras e Tempo de Despertar apoiam e acolhem mulheres que buscam sair da violência e reconstruir suas vidas. O grupo atendeu quase 300 mulheres em menos de 15 dias de isolamento social. O contato é pelo site, preenchendo o formulário disponível.
É importante ressaltas que muitas ONGs, além de ajudar na denúncia da violência doméstica, também acolhem as vítimas em abrigos e as ajudam a reconstruir suas vidas longe dos agressores.
O Feminismo Informa
Nem todas as mulheres sabem da importância do feminismo e como ele pode nos proteger e nos informar. A violência doméstica atinge mulheres de diferentes idades, raças e classes sociais, e acaba resultando em traumas graves e até a morte. Por isso, o movimento feminista tem buscado promover mudanças nos comportamentos, mentalidades e na estrutura patriarcal do país, pedindo transformações políticas que realmente façam com que a mulher se sinta protegida.
Por esse motivo, cada vez mais encontramos livros que jogam luz neste tema e o mais significativo: escrito por mulheres. Essas leituras ajudam o público feminino a entender a estrutura social em que estamos inseridas e o que pode ser feito para combater tudo isso com ajuda de outras mulheres. A seguir, três indicações para ler já!
‘O feminismo é para todo mundo: Políticas Arrebatadoras’, de Bell Hooks
Lançado em 2018, a obra foi escrita por Bell Hooks, eleita uma das principais intelectuais norte-americanas pela revista Atlantic Monthly, e uma das 100 Pessoas Visionárias que Podem Mudar Sua Vida, pela revista Utne Reader.
No livro, de linguagem acessível, a autora fala sobre a natureza do feminismo e seu compromisso contra exploração sexista e qualquer forma de opressão. De forma clara, Hooks incentiva leitores a descobrir como o feminismo pode tocar e mudar, para melhor, a vida de todo mundo. Uma verdadeira aula sobre o assunto.
‘Um soco na alma’, de Beatriz Schwab
Escrito pela psicanalista Beatriz Schwab em parceria com a psicóloga Wilza Meireles, “Um Soco Na Alma” traz relatos de mulheres que sofreram abuso psicológico, deixando claro que esse tipo de violência nem sempre é reconhecida com facilidade, mas é igualmente abusiva e causa traumas irreparáveis.
Mulheres que Correm com Os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés
Clássico do tema, é um estudo sobre como a sociedade, de maneira devastadora, esmagou a natureza instintiva feminina. Abordando diversos mitos, lendas e contos de fadas, a autora mostra como a natureza da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas as que se rebelavam.