Em 20 de novembro, o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra, que marca a morte de Zumbi dos Palmares na mesma data, em 1695. Para celebrar, Glamurama lista cinco importantes personalidades brasileiras que lutaram – e lutam! -, reagem e questionam atitudes para tornar o nosso país mais igualitário.
DJAMILA RIBEIRO
Como é bom ter uma filósofa como Djamila: pop, acessível e contemporânea. Uma das vozes femininas mais expressivas de seu tempo, ela é da turma que inspira e dá exemplo de representatividade para mulheres de forma geral. Quem já foi aluna dela que o diga! Reflexões como “Onde eu estaria se fosse negra?”e “Teria eu, com a mesma capacidade, mas com pele mais escura, conquistado tudo o que conquistei na vida?” são provocadas por Djamila em sala de aula e também em seus livros: “Quem tem medo do Feminismo Negro?” e “O que é lugar de fala?”-, afinal, não basta abominar o racismo também é preciso refletir sobre ele. Pesquisadora na área de Filosofia Política e feminista, Djamila foi secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Militante do feminismo negro, é hoje a principal voz do movimento na televisão, nas universidades e, principalmente, nas redes sociais. Só no Instagram já possui mais de 217 mil seguidores.
IZA
Revelação da música pop que despontou em 2016, quando assinou com a gravadora Warner, Iza tem como premissa básica de seus trabalhos manter uma identificação com meninas que se parecem com ela – um banho de representatividade. Suas canções caíram no gosto da moçada indo além da cartilha do pop, apostando em um cunho crítico-social. Em “Dona de Mm”, música título do álbum lançado neste ano, pelo qual recebeu indicação ao Grammy Latino, exalta a força da mulher negra (ouça abaixo). Aos 12 anos, IZA começou a alisar os cabelos para “se encaixar em padrões”, dizendo que não sentia representada por ninguém na mídia. Hoje, feminista assumida, se considera uma missionária para debater questões urgentes relacionadas ao universo feminino.
TAÍS ARAÚJO E LÁZARO RAMOS
O casal não só abriu portas para os negros na TV como são militantes da causa e estão sempre à frente de debates sobre racismo e o espaço dedicado nas artes. Os dois entraram na lista dos 100 afrodescendentes com menos de 40 anos mais influentes do mundo. Eles usam essa força para promover a conversa sobre racismo e colocar o negro em destaque, como fizeram em “Mister Brau”, na Globo, e com a peça “Topo da Montanha”, que conta os últimos dias de vida de Martin Luther King Jr. e ganha apresentação especial nesta terça-feira, no Tom Brasil, em São Paulo. Os dois também quebraram barreiras: Taís foi a primeira negra a ter o personagem principal de novelas na Manchete (“Xica da Silva”, em 1996) e na Globo (“Da Cor do Pecado”, de 2004). Já Lázaro Ramos roubou a cena em “Cobras & Lagartos” (2006) e fez tanto sucesso que seu personagem “Foguinho” virou o grande destaque da trama, um papel que lhe rendeu indicação ao Emmy Internacional.
EMICIDA
Emicida nunca precisou de apresentações. Representatividade talvez seja a palavra mais certa, aproveitando a força do clichê, para descrevê-lo. Seu som vai muito além de seu bairro: ele fala do que vê, do que vive e do que sente. E daí saem histórias e denúncias, ao mesmo tempo em que colocou o rap para dialogar com a televisão, com os jornais e com novos palcos, ajudando a derrubar muitos muros por a. Nesta quarta-feira, ele participa do bate-papo “Afrofuturismo: precisamos ousar inventar o futuro”, no Sesc Bom Retiro, em São Paulo, em que vai debater como o Afrofuturismo, movimento centrado no protagonismo negro, pode ser a base de desenvolvimento artístico, possibilidade de resistência para a criação de novos futuros e qual a influência deste movimento em suas músicas e clipes, como “Pantera Negra” e “Boa Esperança” (mais informações).
Abaixo, versão animada de “Amoras”, livro infantil lançado pelo rapper em setembro. No vídeo, ele faz referências aos heróis negros como Martin Luther King, Zumbi e Malcolm X, comparando a cor das deliciosas amoras à cor da pele negra.