Durante décadas, o dia 3 de dezembro foi sinônimo de comemoração na mansão do Cosme Velho, a famosa residência localizada no bairro de mesmo nome, no Rio de Janeiro, onde o empresário Roberto Marinho morou até morrer, em 6 de agosto de 2003. A data, que marcava o aniversário de Marinho, era aguardada por familiares, amigos, políticos e personalidades da sociedade que faziam questão de parabenizá-lo por mais um ano de vida e pela longevidade – se estivesse vivo, ele completaria hoje 111 anos de idade. Para relembrar a trajetória do maior empresário de comunicação da história do Brasil, e um dos homens mais poderosos do país, Glamurama selecionou 11 fatos sobre Roberto Marinho, o criador da TV Globo. Confira:
1) Filho do jornalista Irineu Marinho Coelho de Barros, Roberto sempre creditou ao pai, por quem nutria uma admiração incondicional, sua escolha pela comunicação como meio de vida. Já sobre a mãe, a italiana Francisca Pisani Barros Marinho, o empresário costumava dizer que herdou dela o tino e o impulso pelos negócios.
2) Fã de esportes, Marinho praticou pesca submarina e hipismo até pouco depois de completar 80 anos. Pouca gente sabe, mas ele chegou a ser parceiro de Dom Hélder Câmara em jogos de sinuca no fim dos anos 20, quando o esporte ainda era considerado clandestino no Rio. A amizade entre os dois se fortaleceu nessa época, e em 1955 o religioso foi convidado por Marinho para ser o padrinho de seu filho mais novo, José Roberto.
3) Em 1917, em um filme produzido pela produtora Veritas Film, fundada por Irineu Marinho, o jovem Roberto, então com 13 anos, atuou como figurante no filme “A Quadrilha do Esqueleto”, um drama policial estrelado por Albino Maia.
4) Em 1939, após a consolidação do mercado de arte brasileiro graças ao Modernismo, Roberto Marinho começou a comprar obras de arte de artistas até então desconhecidos e que se tornariam grandes nomes muito tempo depois, como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti. No mesmo ano, o empresário comprou a casa do Cosme Velho, que até hoje abriga boa parte da coleção de obras de arte dele, hoje em posse de seus filhos e uma das maiores do país.
5) Marinho é creditado como o criador do Dia dos Pais no Brasil. Em 16 de agosto de 1953, com o objetivo de incentivar as vendas do comércio e, por consequência o aumento do faturamento publicitário de “O Globo”, ele introduziu a data no calendário de eventos da publicação.
6) Em 1993, foi eleito para a cadeira de número 39 da Academia Brasileira de Letras, mesmo sem possuir uma carreira literária. Tornou-se “imortal” pelos “serviços prestados ao rádio e à televisão brasileira”, com 34 dos 37 votos dos acadêmicos, sendo até hoje o membro mais rico da história da instituição.
7) É considerado um dos “bilionários originais” da lista com os homens e mulheres mais ricos do mundo elaborada anualmente pela revista “Forbes”. Presente no ranking desde a primeira edição, em 1988, até sua morte, em 2003, ele ocupou por duas vezes o posto de homem mais rico do Brasil, em 1998 e em 2002. Hoje, todos os seus três filhos – Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto – aparecem na lista, com uma fortuna combinada de US$ 17,1 bilhões, o que faz deles a família mais rica do país.
8) Maior conglomerado de mídia do Brasil e da América Latina, o Grupo Globo faturou R$ 16,2 bilhões no ano passado, registrou um lucro líquido de R$ 2,3 bilhões e é líder de mercado nos segmentos de TV aberta, TV paga, jornais e rádio.
9) Em 1977, ele criou a Fundação Roberto Marinho, entidade privada e sem fins lucrativos com foco em educação e revitalização do patrimônio histórico brasileiro. Estima-se que desde o início de seus trabalhos, a fundação tenha investido em média R$ 100 milhões por ano em causas ligadas a estes temas.
10) Em 1992, após oferecer um jantar para Fidel Castro em sua casa, Roberto Marinho ganhou de presente do líder político cubano quatro flamingos, cujos descendentes habitaram até recentemente o lago que existe na residência. Transferidos no mês passado para uma fazenda da família Marinho em Itaperuna, eles não se acostumaram com o barulho das obras que acontecem por lá, onde em breve será inaugurado um museu. Dos vários animais que habitavam a mansão e que eram cuidados por veterinários, os únicos remanescentes são as carpas japonesas e o labrador Lula.
11) No auge de seu poder, nos anos 80 e início dos anos 90, Roberto Marinho foi citado por publicações renomadas dos Estados Unidos, como o “New York Times” e a revista “Time”, como o homem mais poderoso do Brasil. Ele teve papel decisivo na eleição do ex-presidente Fernando Collor e em seu subsequente impeachment. Em seu velório, estiveram presentes o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, cinco governadores, seis ministros de Estados, os então presidentes do Senado e da Câmara, além inúmeros empresários, políticos, artistas de relevância no cenário brasileiro, e pelo menos um adversário político histórico: Leonel Brizola. Na vida e na morte, foi cercado por poderosos. (Por Anderson Antunes)