Nivea Maria está de volta às novelas em “Tempo de Amar”, próxima trama das seis da Globo. “A Henriqueta é uma figura emblemática do amor, uma doceira portuguesa que representa o amor da mulher madura por ela mesma, pelo trabalho dela, família, sobrinhos que ela ama. Defende e protege, aconchega as pessoas que chegam perto dela, sempre de braços abertos. Uma dignidade e firmeza muito grande, uma experiência de vida. Mas a gente [mulheres maduras] não ensina nada, passa como exemplo o que entende daquele assunto ou momento, não que a gente seja dona da verdade”.
“Sexo é coisa animal”
A gente quis saber se a atriz acredita no amor. “Acredito muito. Hoje mesmo estava falando sobre casamento. Não precisa casar para demonstrar que tem amor. Não precisa de papel assinado, assina se quiser e se tiver condições de fazer uma festa de casamento… Tem gente que não tem dinheiro pra comprar comida. Amor não precisa de nada disso, só de estender a mão, não apontar o dedo. E amor entre duas pessoas, mulher com homem, duas mulheres, dois homens… Amor é uma coisa, tem que acreditar sempre, sexo não interessa pra ninguém o que você faz. Sexo não quero saber como você faz, com quem você faz. Interessa o amor. Sexo é coisa animal, já dizia Rita Lee. ‘Amor é bossa nova, sexo é Carnaval’. E você pode fazer até sozinha. Entendeu?”
“Não pensem que só porque a gente passou de uma certa idade não tem libido”
Foi então que Glamurama perguntou como funciona a paixão na maturidade para Nivea. “Amor existe sempre, até o fim da vida. Você transfere a paixão, ou pode até sentir, sim. Conheço pessoas que reencontraram amores da juventude 15, 20 anos depois, cada um já sozinho, ou não, e aí bate outra vez aquela borboleta no estômago. No meu caso, depois que fiquei sozinha – e já estou sozinha há quase 20 anos -, aconteceu, mas não pra viver a dois. Não aconteceu mais amor pra mim, mas é o que sempre digo: vocês não pensem que só porque a gente passou de uma certa idade não tem libido, vontade. Você pode fazer amor sozinha. O desafogo de sexo é uma coisa que você pode fazer. Mas amor é amor, você tem que pensar um pouco mais, e fica mais seletiva”.
“E teve uma frustração de eu ter me separado”
Será que a atriz teve alguma crise de idade? “Tive uma dificuldade com a idade quando fiz 50 anos. Mas foram várias coisas, da minha vida pessoal e do trabalho, ao mesmo tempo. Nas novelas, estavam me chamando para papéis parecidos. Gosto de fazer coisas diferentes e não estava acontecendo. E teve uma frustração de eu ter me separado. Mas nunca parei de trabalhar, mesmo assim. Meu trabalho é meu grande remédio e grande prazer. Você falou em amor… Olho para Tony Ramos, Regina Duarte [seus colegas em ‘Tempo de Amar’]… A gente se ama de uma forma, crescemos juntos. Outra coisa que ajuda muito é não afastar os jovens e as crianças, eles te trazem coisas novas, renovação no olhar, nas opiniões. Se não você fica parado no tempo, estaciona. Eles fazem você continuar firme, forte, em frente. Minha geração nunca teve essa exigência de magreza, de corpo perfeito. Então por esse lado não tive problema. A gente só queria ser bom profissional, bom ator. A mídia é que nota se fulado está mais enrugado, mais magro, mais gordo”.
“Você vira criança de novo”
“Quando elogiam minha aparência, sei que é graças aos meus netos. Dei uma revigorada, uma reestabelecida na minha energia com a chegada deles. Voltei a ter disposição de criança. Eles são puros, engraçados. Não tem como olhar e não querer acompanhar, então você vira criança de novo. Ao mesmo tempo, a responsabilidade dos avós é muito grande. Avó não repreende toda hora, então o que ela diz, quando diz, às vezes tem mais peso do que quando os pais é que estão educando. Todo domingo tem o arroz e feijão da vovó, o bife com uma farofinha”.
“Quem nunca…”
Nivea falou ainda do poder da internet. “Aquele ator que teve problema no Nordeste [Fabio Assunção, que foi filmado por celular enquanto estava sendo preso e o vídeo viralizou]… Gente, foi um momento de fraqueza. Quem nunca tomou uns goles a mais, ficou grogue e aquilo aconteceu? Isso é uma maldade. O que interessa isso? Pra isso, a internet foi negativa. E culpo a mídia também. Você me faz uma pergunta, sou responsável pelo que estou falando, não pelo que você publica”. (por Michelle Licory)