A atriz Maitê Proença mostrou, de novo, seu humor afiadíssimo em “Extra Ordinários”. Na mesa-redonda dos Jogos Olímpicos, como sempre, ela provou que é craque em driblar saias justas
Por Márcia Rocha para a revista PODER de setembro
Beleza Brenno Melo (CAPA Mgt)
Quando entrou para o time do “Extra Ordinários”, em 2014, Maitê Proença nunca escondeu sua pouca familiaridade com o futebol. O programa do canal a cabo SporTV foi criado na época da Copa do Mundo justamente para atrair o público que não costumava ver os jogos. Foi um sucesso. Tanto que mereceu mais um repeteco durante a Olimpíada do Rio. Na última temporada, a terceira, ela, o escritor Eduardo Bueno (o Peninha) e o humorista Felipe Andreoli, ex-CQC, se reuniam para comentar a performance dos atletas e, além de um convidado especial, um dos “cassetas” – Cláudio Manoel, Beto Silva, Marcelo Madureira, Hubert Aranha e Hélio de La Peña – se revezava na atração.
Depois de tanto “treino”, Maitê diz que passou a entender alguma coisa sobre os campeonatos que rolam no mundo e sobre as regras específicas do futebol. “Mas, mesmo durante o programa, enquanto assistimos a alguns replays de jogadas, muitas vezes percebo que não estou olhando para a bola, mas, sim, prestando atenção na postura ou no comportamento dos jogadores. Fico pensando: ‘por que será que os rapazes cospem tanto quando estão em campo?’”, diz ela, que é botafoguense, tem simpatia pelo Chapecoense e gosta do São Paulo por conta do namorado, que é torcedor do time. Ela está falando do empresário Eduardo Faria de Carvalho.
Quanto à Olimpíada, Maitê conta que adorou as “ginásticas” de forma geral. E o atleta preferido? “Virei fã do baiano da canoagem, o Isaquias (Queiroz), de longe o mais simpático. Em segundo lugar, gostei do Thiago (Braz da Silva), do salto com vara. Amei quando ele ganhou do francês chorão (Renaud Lavillenie)”, diz. Os micos ficam para o falsíssimo, arrogante e ‘dessituado’ Ryan Lochte (um dos atletas da equipe de natação dos Estados Unidos que forjou um assalto para esconder uma noite de farra da namorada). Em segundo lugar, o francês mal-humorado com seu comentário infeliz sobre Jesse Owens na Alemanha nazista (Lavillenie comparou as vaias que recebeu com o que o corredor norte-americano Jesse Owens enfrentou na Olimpíada de 1936, em Berlim. Owens, que era negro, foi o grande protagonista dos Jogos de Berlim, usados por Adolf Hitler para propagar a superioridade da raça ariana).
O senso de humor – quem não se lembra do striptease que ela fez no ar, ano passado, quando o Botafogo subiu para a Série A no Campeonato Brasileiro? – ficou mais evidente para o grande público com os programas de TV. Mas Maitê garante que esse lado está muito presente em seus livros (seis até agora). “Cada vez mais eu ligo menos para o que pensam. Aos 90 serei uma velhinha que ninguém vai levar a sério. Caminho a passos largos para o desmonte da minha persona. Uma espécie de suicídio de longo prazo. Será?!”, fala entre risos.
Aos 58 anos, a atriz paulistana Maitê Proença Gallo continua linda como sempre. Tirando a genética privilegiada, ela se cuida, claro – mas também se “descuida”. “Acho que as escorregadas deixam a gente feliz, naquela onda meio deixa a vida me levar… E alegria relaxa, encanta, desarma as rugas”, comenta. Falando em relaxar, outra de suas teorias é sobre a importância de fazer coisas inúteis. Ela disse isso durante um “Roda Viva”, programa de entrevistas da TV Cultura que foi ao ar em 2013. Como assim, Maitê? “A informação ‘inútil’ pode ter respostas para perguntas que você ainda não formulou, mas que vão se apresentar com o tempo. Eu já tive a vida salva por ‘inutilidades’. Além disso, elas sempre auxiliam na escrita”, garante. Nessa lista entram coisas como ler sobre os hábitos das formigas ou conversar com quem não tenha qualquer afinidade aparente. “Meus maiores amigos vêm de meios opostos ao meu.”