Por Thayana Nunes para revista J.P de julho
EIS A QUESTÃO
“Eu sei quem eu sou. Quer dizer… eu não sei quem eu sou.” É assim que Bárbara Paz enfrenta sua análise há anos. Fã de um divã, a atriz de 39 anos faz suas sessões até por telefone e acredita que a busca pelo autoconhecimento é eterna e inerente a todos. “Nunca vamos saber quem somos. O mais importante mesmo é descobrir o que queremos para a nossa vida”, filosofa ela, que encontra em suas personagens o apoio para enfrentar a rotina. “Vivemos com máscaras o tempo todo. As escolhas do dia a dia são quase sempre impostas pela nossa sociedade e isso é muito injusto.” Não à toa, muita gente imagina Bárbara como um de seus papéis, caso de Edith, de Amor à Vida, seu último trabalho na TV. “Faço muitas mulheres conturbadas. Só de olhar para mim, as pessoas pensam que sou meio doidinha, mas na verdade sou super-romântica. Quero um homem para a vida toda.” Bárbara usa da análise também para organizar seus pensamentos e enfrentar os obstáculos que surgem no percurso, como o fim de seu casamento de quatro anos com o cineasta Hector Babenco. “A única coisa que me tira do eixo é a solidão.”
FADA MADRINHA
Emannuelle Junqueira, 38 anos, vive entre o universo do conto de fadas e a realidade. De seu ateliê nos Jardins, em São Paulo, onde cria vestidos de noivas dos sonhos, ela parte para o dia a dia de qualquer mulher que se divide entre trabalho, vida social e maternidade. A análise chegou há cinco anos para balancear a equação. “Tudo ficou mais leve. Sentia necessidade de separar a mulher da estilista e de me conhecer de verdade.” A decisão foi tão certeira que Emannuelle nem pensa em parar: “Não consigo me imaginar sem. Saio de lá como se tivesse tido um impulso, uma luz no fim do túnel”. Junto com as horinhas deitadas no divã, a estilista gosta de se conectar por meio da cabala e da ioga, além de uma mania peculiar: escrever e-mails para si mesma. “Quando me dou conta de que ainda faltam alguns dias para a minha sessão, começo a escrever sem parar. Consigo ler e me ouvir.” O melhor de todo o processo de
autoconhecimento, segundo ela, é a generosidade.
DIVÃ ON-LINE
A argentina Paola Carosella é a típica analisada. A chef dos restaurantes Arturito e La Guapa Empanadas Artesanais tem sessões semanais com um terapeuta desde os 2 anos. Hoje, já são 40 anos de análise. “Na Argentina todo mundo faz”, diz ela, que encontra o mesmo terapeuta desde 2001… por Skype. “Quando me mudei para o Brasil, continuei com a mesma pessoa, que admiro muito. Às vezes nos falamos enquanto estou na cama de pijama!” Já imaginou o desespero de Paola ao saber que seu terapeuta estaria no Rio de Janeiro por três semanas para acompanhar a Copa do Mundo? “É algo vital para o ser humano. Ter um momento seu para jogar todos os monstros”, explica ela, que cita questões como a cobrança da sociedade de se estar feliz o tempo inteiro e os momentos de tristeza que inevitavelmente existirão. “Não importa se você não é extremamente bonita para estar na capa de uma revista ou se não cozinha tão bem quanto a Alice Waters. A análise me traz de volta para um mundo real. Não me tira da tristeza, mas me dá calma e me ajuda a ser mais gentil comigo mesma”, diz. “Nunca entendi essas pessoas que falam: ‘Me deram alta’.”
A CONSELHEIRA
A frequência com que Giulia Altério, 24 anos, visita o consultório de sua analista costuma impressionar os amigos: são três vezes por semana. Na análise desde os 4 anos, a estilista da Candy, linha jovem da Candy Brown, marca homônima de sua mãe, só enxerga vantagens no feito. “Vejo muita mudança, sinto que aprendi a lidar melhor com os meus sentimentos.” E Giulia não tem receio de dizer que é ansiosa e nervosa, sabe exatamente o que quer e consegue reconhecer suas qualidades, como a lealdade. “Quando a gente vai envelhecendo, os problemas ficam menores”, diz ela, que vive bancando a psicóloga das amigas. “Sabe aquele cara que definitivamente não quer ficar com você? Eu sou a pessoa certa para te ajudar”, brinca. Namorando sério há três anos, Giulia revela os segredinhos para um bom relacionamento. “São duas pessoas que precisam escolher desde onde jantar até o quanto um faz pelo outro. O importante é ter esforço e dedicação. Tem de aprender a dividir!”