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PÚBLICO EM EXPANSÃO

Para quem olha a lista de premiações que o escritor norte-americano Philip Roth acumula em seus mais de cinquenta anos de carreira, entre eles o Pulitzer em 1998, certamente pensará que o Man Booker International Prize, categoria ficção, que foi anunciado nesta quarta-feira, 18, em Sydney,  é apenas mais um. Já para Roth, é uma oportunidade de atrair “A atenção de leitores ao redor do mundo que não conhecem a minha obra”. “Um dos prazeres particulares que eu tive como escritor foi ter o meu trabalho lido internacionalmente, apesar de todos os problemas de tradução que isso implica”, disse em um comunicado.

* O Man Booker International Prize, no valor de 60 mil libras – cerca de R$ 160 mil, contempla a cada dois anos, um autor vivo que tenha publicado originalmente em inglês ou tenha a sua obra disponível neste idioma. O primeiro romance de Roth foi “Adeus, Columbus”, de 1959. Depois, em 1969, ele lançou “O Complexo de Portnoy”, que se tornou um clássico e lhe assegurou uma po-sição de destaque na literatura norte-americana. Hoje, Roth é mundialmente considerado um dos principais ficcionistas contemporâneos. Em “O Complexo de Portnoy”, o escritor narra, com uma verve extraordinária num tom que oscila entre o hilariante e o patético, o relacionamento do jovem advogado Alexan-der Portnoy, um judeu de Nova York, com seus pais. Como desde o início fica bem claro, Portnoy é dotado não apenas de uma inteligência privilegiada como também de uma capacidade ilimitada de encarar a si mesmo com realismo e ironia. Contudo, o narrador-protagonista é totalmente incapaz de se livrar da ligação paralisante com a mãe, identificada logo de saída como “O personagem mais inesquecível que conheci na minha vida”.

* Portnoy discorre alternadamente sobre o passado – a infância de filhinho da mamãe, a adolescência dedicada acima de tudo à prática da masturbação e a tentativas frustradas de perder a virgindade – e sua vida atual – o relacionamento conflituoso com a amante bela porém semi-analfabeta, a separação e uma viagem a Israel que termina com a descoberta de que ele está impotente. A partir deste livro, Roth se tornou um escritor fecundo, já tendo publicado mais de duas dezenas de romances, além de contos e dois volumes de memórias, entre eles “Pastoral Americana”, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer de ficção, e “A Humilhação”, lançado no Brasil em 2010 pela Companhia das Letras. “Por mais de cinquenta anos os livros de Philip Roth tem estimulado, provocado e divertido um público ainda em expansão”, disse Rick Gekoski, presidente do júri do Man Booker International Prize composto por três membros. A entrega da premiação acontecerá numa cerimônia em Londres, em 28 de junho.

Por Anna Lee

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