ANTES TARDE…
É com bastante atraso que a tradução para o português de “A Perfect Peace”, do israelense Amós Oz, está chegando ao Brasil no final deste mês, pela Companhia das Letras, com o título “Uma Certa Paz”. Mesmo assim, para quem não leu a versão em inglês ou hebraíco, é uma leitura imperdível. Este livro foi publicado originalmente em Israel, em 1982, e, nos Estados Unidos, a primeira edição saiu em 1985.
Na época, a “The New York Times Book Review’ classificou a obra como a “mais poderosa” do autor, o que já seria razão suficiente para olhá-la com atenção. No entanto, soma-se a isso o fato de Amós Oz ser considerado o escritor mais influente de seu país, por sua atuação política. Ele, que hoje mora em Arad, no deserto do Neguev, dedicando-se à militância em favor da paz entre árabes e israelenses e ao ensino de literatura hebraica na Universidade Ben-Gurion, foi o fundador do movimento israelense Paz Agora.
“Uma Certa Paz” se passa no inverno de 1965, quando Ionatan Lifschitz resolve abandonar sua mulher e o kibutz onde nascera e crescera, para começar uma vida nova. Mas ele não consegue concretizar sua decisão de forma tranquila, pois, como filho de Iulek, o líder da comunidade, vê sua insatisfação contraposta à esperança que marcou a geração anterior. Os dilemas de Ionatan se agravam quando chega ao kibutz o idealista Azaria Guitlin. Articulado e apaixonado pela ideia de um mundo justo, este se mostra a antítese de Ionatan. Entre os dois, se forma uma estranha amizade, que se torna ainda mais confusa quando Azaria se muda para a casa dos Lifschitz e se interessa por Rimona, a esposa que Ionatan negligencia e trata com desdém.
Sem cair num relato histórico, Amós Oz consegue retratar por meio das difíceis relações no seio de uma família, as contradições e dificuldades políticas que o Estado de Israel enfrentava nos anos 1960, às vésperas da Guerra dos Seis Dias, com a vantagem de, num discurso polifônico dar voz a todos os personagens, por mais rígidos e chocantes que sejam seus pensamentos, sem privilegiar nenhum deles.
OS MAIS VENDIDOS NA VILA 01 a 09/10
Ficção
1. “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, Edney Silvestre (Record)
2. “Em Alguma Parte Alguma”, Ferreira Gullar (José Olympio)
3. “A Elegância do Ouriço”, Muriel Barbery (Cia. das Letras)
4. “Caminhos da Lei”, John Grisham (Rocco)
5. “Linha de Costura”, Edith Derdyk (C/ Arte)
6. “Trem Noturno para Lisboa”, Pascal Mercier (Record)
7. “De Verdade”, Sandor Marai (Cia. das Letras)
8. “A Rainha do Castelo de Ar” – Ed. Econômica, Stieg Larsson (Cia. das Letras)
9. “Uma Mulher”, Peter Esterhazy (Cosac & Naify)
10. “Homens que não amavam as mulheres” – Ed. Econômica, Stieg Larsson (Cia. das Letras)
Não-ficção
1. “1822”, Laurentino Gomes (Nova Fronteira)
2. “Elite da Tropa” – V.02, Luiz Eduardo Batista A. Soares (Nova Fronteira)
3. “1808”, Laurentino Gomes (Planeta)
4. “Guia Ilustrado Zahar de Opera”, Leslie Dunton Downer / Alan Riding (Jorge Zahar)
5. “Comer, Rezar, Amar”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)
6. “Comprometida”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)
7. “Não há Silêncio que não Termine – Meus anos de Cativeiro na Selva Colombiana”, Ingrid Betancourt (Cia. das Letras)
8. “Ruth Cardoso – Fragmentos de Uma Vida”, Ignácio de Loyola Brandão (Globo)
9. “A Alma Imoral”, Nilton Bonder (Rocco)
10. “Ágape”, Padre Marcelo Rossi (Globo)
por Anna Lee