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ESBOÇOS DE GEOGRAFIA

A literatura é sempre um convite para uma viagem. Uma viagem que começa guiada pelo escritor, que, aos poucos, solta a mão do leitor até que ele embrenhe por seus próprios caminhos e o livro passe a lhe pertencer, não com exclusividade, pois ele será de cada um que se aventurar por suas páginas, porém, de forma única, e isto é importante dizer.

No caso de “Atlas” (de 1984, mas que a Companhia das Letras está lançando agora no Brasil), a viagem é ainda mais especial, não só por que o guia é o escritor argentino Jorge Luís Borges (1899-1986), mas por que ele acompanha o leitor por todos os percursos, sejam eles quais forem, até o fim. Não na intenção de impor suas vontades, mas se dando tempo e dando tempo ao leitor para ver tudo, para compreender tudo do país visitado. Borges não é um companheiro de viagem apressado. Ele tem o cuidado de iluminar os caminhos escuros para o leitor passar, elegendo um ícone urbano ou um elemento da natureza, para então criar uma breve história fundamentada num mito. E, desta forma, desenvolver analogias simbólicas a partir de objetos banais, por exemplo, um brioche comprado na padaria Aux brioches de la lune, em Paris, ou, ao contrário, perceber numa escultura de uma praça em Reykjavik a forma agigantada de um botão.

Ainda tem o Saara e as pirâmides do Egito, uma esquina de Buenos Aires que pode ser qualquer uma e todas as esquinas, e Veneza, Genebra, Creta, Izumo, Roma, Atenas. Cinco poemas se intercalam entre os esboços de geografia desse livro – o último publicado em vida por Borges – que é ilustrado com fotografias de María Kodama, sua acompanhante, com quem se casou poucos meses antes de morrer.

“Atlas” traz a oportunidade de uma viagem ao lado do escritor cego e de sua mulher, que lhe descrevia as paisagens. Ela que o ajudava a preparar cada viagem, abrindo ao acaso o atlas e deixando “que las yemas de los dedos adivinaran lo imposible: la aspereza de las montañas, la tesura del mar o la mágica protección de las islas”.

“Atlas”: uma oportunidade de ter Borges como companheiro de viagem

RESULTADO

Os vencedores da 52ª edição do Prêmio Jabuti foram anunciados nesta sexta-feira, 1º. Entre eles estão Edney Silvestre, com “Se Eu Fechar os Olhos Agora", na categoria romance; Marina Colassanti, com “Passageira em Trânsito”, na categoria poesia; e Ruy Castro, com “O Leitor Apaixonado – Prazeres à Luz do Abajur”, na categoria reportagem. Confira a lista completa no site da Câmara Brasileira do Livro. A premiação acontecerá no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo, quando também será anunciado o melhor livro de ficção e o de não-ficção do ano de 2009.

CBL anuncia os vencedores da 52ª edição do Prêmio Jabuti

OS MAIS VENDIDOS NA VILA 17 a 24/9

Ficção

1. “Em Alguma Parte Alguma”, Ferreira Gullar (José Olympio)

2. “O Tempo entre Costuras”, Maria Duenas (Planeta)

3. “Caminhos da Lei”, John Grisham (Rocco)

4. “De Verdade”, Sandor Marai (Cia. das Letras)

5. “A Ilusão da Alma”, Eduardo Giannetti (Cia. das Letras)

6. “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, Stieg Larsson (Cia. das Letras)

7. “Trem Noturno para Lisboa”, Pascal Mercier (Record)

8. “As Brasas”, Sandor Marai (Cia. das Letras)

9. “A Elegância do Ouriço”, Muriel Barbery (Cia. das Letras)

10. “Surdo Mundo”, David Lodge (L&PM)

Não-ficção

1. “1822”, Laurentino Gomes (Nova Fronteira)

2. “Comprometida”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)

3. “Comer, Rezar, Amar”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)

4. “Não há Silêncio que não Termine”, Ingrid Betancourt (Cia. das Letras)

5. “Agassi”, André Agassi (Globo)

6. “Na Cozinha com Carolina”, Carolina Ferraz (Jaboticaba)

7. “1808”, Laurentino Gomes (Planeta)

8. “Travessuras de Mãe”, Denise Fraga (Globo)

9. “Um Certo Verão na Sicilia”, Marlena de Blasi (Objetiva)

10. “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, Leandro Narloch (Leya)

por Anna Lee

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