MULHERES MODERNISTAS
Acaba de sair pela Cosac Naify mais um volume da coleção “Mulheres Modernistas”: trata-se do livro “Léxico Familiar”, da escritora, dramaturga, ensaísta e ativista política italiana Natalia Ginzburg (1916-1991).
No romance, a autora, caçula de cinco irmãos, narra as memórias de sua vida em uma família burguesa, letrada e judia, no contexto de uma Itália mergulhada no fascismo e na Segunda Guerra Mundial.
“Basta uma palavra, uma frase: uma daquelas frases antigas, ouvidas e repetidas infinitas vezes, no tempo de nossa infância. Basta-nos dizer: ‘Não viemos a Bergamo para nos divertir’ ou ‘Do que é que o ácido sulfídrico tem cheiro’, para restabelecer de imediato nossas antigas relações, nossa infância e juventude, ligadas indissoluvelmente a essas frases, a essas palavras. Uma dessas frases ou palavras faria com que nós, irmãos, reconhecêssemos uns aos outros na escuridão de uma gruta, entre milhões de pessoas”, escreve Natalia.
No decorrer da narrativa também aparecem figuras proeminentes da cena italiana com quem a escritora conviveu, como o editor Giulio Einaudi, o poeta Cesare Pavese, o historiador Luigi Salvatorelli, o escritor e pintor Carlo Levi e o industrial Adriano Olivetti (das máquinas de escrever).
Lançado em 1963, “Léxico Familiar” recebeu o mais importante prêmio literário da Itália, o Strega. O que o pai de Natália achou disso? “Que demência, que estupidez! Será possível que lhe tenham dado um prêmio por isto!”. No entanto, depois, os filhos descobriram que, nos momentos em que ninguém o via, pegava o livro e ria muito.
A COLEÇÃO…
… “Mulheres Modernistas” foi lançada em 2007 pela Cosac Naify e desde então vem publicando novas traduções de importantes autoras da literatura moderna e contemporânea, em edições especiais, com notas, apêndices e fotografias, complementos editoriais que trazem informações sobre as circunstâncias em que cada texto foi escrito, algumas vezes apontando intercruzamentos entre as biografias das escritoras e suas produções ficcionais. Resgatam, ainda, a forma como foram veiculadas pela primeira vez e sugerem leituras complementares para os interessados em avançar na leitura de obras sobre as autoras. Já foram editadas obras de Katherine Mansfield, Virgínia Woof, Marguerite Duras, entre outras.
Por Anna Lee