Não há como falar em Jorge Amado (1912-2001) e não lembrar imediatamente das protagonistas de seus romances.

QUEM CONTA UM CONTO…
Não há como falar em Jorge Amado (1912-2001) e não lembrar imediatamente das protagonistas de seus romances: Tieta, Gabriela, Tereza Batista, Dona Flor. Da mesma forma que este escritor era uma espécie de representante do povo baiano – costumava-se dizer que ninguém passava pela Bahia sem querer conversar com ele – seus livros estão no imaginário brasileiro como sinônimo da literatura baiana (aliás, não só no brasileiro, mas no mundial, já que ele foi publicado em 52 países, traduzido para 48 idiomas e ainda é um dos autores nacionais que mais vende no exterior).
O que muita gente não sabe é que Jorge Amado também foi um contista eventual. Agora, a Companhia das Letras acaba de lançar “Caixa – Três Contos Ilustrados” com parte dessa produção literária, sendo que cada uma foi ilustrada por um artista gráfico e comentada por um autor renomado. Os temas desses contos são os mesmos explorados pelo escritor em seus romances: o microcosmo baiano, a malandragem, a prostituição, a religião, o erotismo, a morte.
O primeiro conto, “De como o Mulato Porciúncula Descarregou seu Defunto”, com ilustrações de Andrés Sandoval e comentários de Mariana Amado Costa e José Eduardo Agualusa, tem duas histórias: a do taciturno Gringo, que mesmo depois de beber litros de cachaça não se dispunha a falar sobre a morte que carregava nas costas. E outra que se desvela aos poucos, a do amor platônico entre o mulato Porciúncula e Maria do Véu, prostituta obcecada por casamentos que havia sido expulsa de casa a pauladas, depois de perder a virgindade com o filho de um coronel.
O segundo é “O Milagre dos Pássaros”, ilustrado por Joana Lira e comentado por Ana Miranda, e narra um “causo” que se passa na cidade alagoana de Piranhas, às margens do São Francisco. O milagre em questão é o que propicia a fuga espetacular do poeta e trovador Ubaldo Capadócio, recém-chegado à cidade, da ira homicida do capitão Lindolfo Ezequiel, quando este o encontra na cama com sua esposa, a bela e cobiçada Sabô.
Já o terceiro, “As Mortes e o Triunfo de Rosalinda, foi ilustrado por Fernando Vilela e comentado pelo angolano Pepetela. Publicado originalmente em 1965, numa coletânea de contos, “Os Dez Mandamentos”, de diversos autores, trata-se da confissão, em primeira pessoa, do assassino de Rosalinda, diante de um interlocutor que muda o tempo todo: é alternadamente um militar, um bispo, um desembargador, uma madre superiora e outros representantes da autoridade, compondo no final uma sátira feroz dos poderes instituídos.

 

OS MAIS VENDIDOS NA VILA  19/03 a 26/03

Ficção   
                           
1. “A Elegância do Ouriço”, Muriel Barbery (Cia. das Letras)
2. “Memórias Inventadas”, Manoel de Barros (Planeta)
3. “O Mundo Pós – Aniversário”, Lionel Shriver (Intrinseca)
4. “O Vendedor de Armas”, Hugh Laurie (Planeta)
5. “Clarice na Cabeceira”, Vários (Rocco)
6. “Poesia Completa”, Manoel de Barros (Leya)
7. “Uma Esposa Confiável”, Robert Goolrick (Alfaguara)
8. “O Livro dos Haicais”, Mario Quintana (Globo)
9. “Os Homens que não Amavam as Mulheres”, Stieg Larsson (Cia. das Letras)
10. “No Teu Deserto”, Miguel Souza Tavares (Cia. das Letras)

Não-ficção

1. “The Beatles – A História por Trás de Todas as Canções”, Steve Turner (Cosac Naify)
2. “A Viúva Clicquot”, Tilar J. Mazzeo (Rocco)
3. “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, Leonardo Narloch (Leya)
4. “Pele 70”, Xico Sá (Realejo)
5. “Sigmund Freud – (1917 – 1920)” – Vol. 14 (Cia. Das Letras)
6. “Criação Imperfeita – Cosmo, Vida e Código Oculto”, Marcelo Gleiser (Record)
7. “Um Certo Verão na Sicília”, Marlena de Blasi (Objetiva)
8. “Sigmund Freud – (1914 – 1916)” – Vol. 12 (Cia. Das Letras)
9. “Você é Jovem, Velho ou Dinossauro?”, Ignácio Loyola Brandão (Global)
10. “Ayrton Senna – Uma Lenda a Toda Velocidade: Uma Jornada Interativa”, Christopher Hilton (Global)

por Anna Lee

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