EUCLIDES EM PAUTA
O escritor Euclides da Cunha, em 1896, foi mandado pelo jornal “O Estado de São Paulo” a Canudos para, como jornalista, cobrir o conflito que se dava no sertão da Bahia entre o bando de Antônio Conselheiro, que era monarquista, e o exército brasileiro, que defendia a República recém-proclamada, em 1889. Lá, ele descobriu que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte” e, quando voltou, escreveu o livro que pode ser considerado uma das mais importantes obras da literatura brasileira: “Os Sertões”, lançado pela primeira vez em 1902.
* No próximo sábado, 15, faz cem anos da morte de Euclides da Cunha. Morto não por conta das condições inóspitas que encontrou durante suas andanças pelo interior do Brasil – que foram muitas, como engenheiro, a serviço do governo brasileiro e como jornalista – mas por causa de uma tragédia pessoal. Ele foi assassinado por Dilermando de Assis, amante de sua mulher, Anna.
* Para homenagear o escritor, a Academia Brasileira de Letras abre amanhã, terça-feira, 11, o “Ciclo de Conferências sobre o Centenário de Morte de Euclides da Cunha”, que vai até 27 de outubro. A primeira conferência será da professora da USP Walnice Galvão com o título “Os Desafios de Editar Euclides da Cunha”. Ela é especialista na obra do escritor e tem publicações importantes sobre ele. Uma delas é “Edição Crítica de Os Sertões” (Brasiliense e Secretaria de Cultura/SP, 1985), que é resultado de nove anos de trabalho, durante os quais Walnice Galvão pesquisou detalhadamente a obra-prima de Euclides.
* No livro, o texto original aparece acompanhado de explicações e notas que permitem um contato estreito com o processo de criação do escritor. Este que, por sua vez, se dedicou a escrever e reescrever quatro vezes “Os Sertões”, tarefa que só a morte pôs término.
NO CALOR DA HORA
Para quem se interessa pelo episódio de Canudos, Walnice Galvão tem um livro bastante interessante sobre o assunto: “No Calor da Hora – A Guerra de Canudos nos Jornais – 4º Expedição”. Nesta obra, ela concentrou a pesquisa no que os vários jornais do país diziam sobre a conflagração. Além disso, trata dos diferentes tipos de reportagens feitas no local da guerra por enviados especiais, inclusive por Euclides.
OUTRAS PALESTRAS
O Ciclo da ABL terá ainda as seguintes palestras:
18/8 – “Euclides da Cunha e o Exército” – José Murilo de Carvalho;
25/8 – “Euclides da Cunha e o Itamaraty” – Affonso Arinos;
1/9 – “Os Sertões: Uma Epopéia dos Vencidos” – José Maurício Gomes de Almeida;
8/9 – “Euclides da Cunha e o Pensamento Social Brasileiro” – Nísia Trindade;
15/9 – “Euclides e a Amazônia” – Francisco Foot Hardman;
22/9 – “Confluências de Linguagem em Euclides da Cunha e Guimarães Rosa” – Per Johns;
29/9 – “A Antropologia de Os Sertões” – Ricardo Ventura Santos;
6/10 – “Os Fundamentos Científicos em Euclides da Cunha” – José Carlos Barreto Santana;
13/10 – “A Medicina nos Tempos de Euclides da Cunha” – Moacyr Scliar
20/10 – “Euclides da Cunha jornalista” – Cícero Sandroni;
27/10 – “A Recepção de Os Sertões” – Alberto Venancio Filho.
O horário é sempre 17h30, a entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo site www.academia.org.br até o dia 14. Também haverá transmissão ao vivo pelo portal da ABL.
NO PRELO
O jornalista da TV Globo Edney Silvestre entregou para a editora Record os originais de seu primeiro romance: “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, que será lançado no final de outubro. A trama é ambientada em uma pequena cidade da antiga zona de café fluminense. Em abril de 1961, no dia em que o astronauta Yuri Gagarin saiu da órbita terrestre, dois meninos de 12 anos encontram às margens de um lago o corpo de uma linda mulher, morta e mutilada.
* Desconfiados da explicação oficial do crime, eles começam a investigar o caso e acabam descobrindo não só a verdade sobre o assassinato, mas também toda a hipocrisia de uma cidade dominada por coronéis, que lutam para preservar o poder dos antigos senhores de escravos. Para os garotos, o episódio é uma terrível e inesperada descoberta da vida adulta.
PRIMEIRA VEZ
Curitiba (PR) terá sua primeira bienal de livros de 27 de agosto a 4 de setembro, com uma programação que incluirá palestras, oficinas literárias, sessões de cinema e teatro e mesas redondas. Carlos Heitor Cony, Moacyr Scliar, Fernando Morais e Ruy Castro são alguns dos autores que estarão presentes.
Por Anna Lee