A última vez que Roger Moore fez sucesso na telona foi em 2010, quando ele foi um dos protagonistas da comédia “Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore”, na qual não aparecia em cena e apenas emprestava sua voz para um gato. Apesar de massacrado pela crítica especializada, o filme faturou mais de US$ 112,5 milhões (R$ 366,7 milhões) nas bilheterias internacionais e rendeu um cachê de pelo menos US$ 1,5 milhão (R$ 4,9 milhões) ao veterano ator inglês, que morreu nesta terça-feira, aos 89 anos, vítima de um câncer.
Assim como fez durante quase toda sua vida profissional, Moore doou boa parte do dinheiro que embolsou pelo papel para as obras de caridade que apoiava, principalmente aquelas ligadas à proteção da criança – desde 1991 ele era Embaixador da Boa Vontade pelo UNICEF, o fundo das Nações Unidas para a infância. O ator também era um grande entusiasta da PETA, que luta pelo tratamento ético aos animais, e chegou a estrelar uma campanha da entidade contra o consumo de foie gras, a iguaria francesa feita com fígado de ganso que, para chegar ao ponto de abate, precisa ser alimentado à força desde o nascimento.
A iniciativa rendeu a ele alguns prêmios e foi fundamental para que a tradicional rede de lojas de departamento britânica Selfridge’s aceitasse retirar o produto de suas prateleiras, fato que Moore comemorava até com mais orgulho do que sua mais famosa atuação em Hollywood, como o James Bond “oficial” entre 1973 e 1985, eleito o melhor de todos os tempos em 2004, em pesquisa feita pelos organizadores do Oscar.
Sobre os velhos tempos na pele do agente britânico, aliás, ele sempre falou sem demonstrar a menor saudade. “Na verdade, nunca tive ambição de ser um grande ator. Meu maior trabalho até hoje foi a parceria com o Unicef, que me fez crescer de verdade como ser humano e reconhecer o quão sortudo sou”, ele disse em uma entrevista certa vez. (Por Anderson Antunes)