Morreu na manhã desta quinta-feira, em Campo Grande, o poeta Manoel de Barros. Nascido em Cuiabá, Barros tinha 97 anos e estava internado há duas semanas, tendo passado por uma cirurgia. Foram 74 anos de carreira, com 28 livros publicados, alguns deles em Portugal, França e Espanha. O poeta ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura por dois anos, em 1989 e 2002. Sua poesia tinha como pano de fundo o Pantanal, a natureza e a vida cotidiana, sempre carregada de expressões locais.
Glamurama faz sua homenagem com a publicação do poema “Retrato do Artista quando Coisa”, que está na coletânea “Manoel de Barros – Poesia Completa”, publicado pela Editora Leya em 2010.
Retrato do Artista Quando Coisa
A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.