Diretor de “O Último Tango em Paris” e de vários outros clássicos da telona, Bernardo Bertolucci morreu nesta segunda-feira, aos 77 anos, em Roma. Há tempos ele lutava contra um câncer, o que lhe forçou a se deslocar somente por cadeira de rodas e viver praticamente recluso.
Vencedor do Oscar de Melhor Diretor em 1988 por “O Último Imperador”, o cineasta italiano era considerado o último grande representante vivo dos anos de glória da sétima arte na Itália, época em que dividiu as atenções com conterrâneos como Antonioni e Fellini.
Em uma de suas últimas entrevistas, para o jornal inglês “The Guardian”, Bertolucci justificou a pegada sempre de esquerda em seus filmes dizendo que cresceu e viveu “em um sonho de comunismo”, apesar de que negou tentar doutrinar seu público. “Não envio mensagens, deixo isso para os correios”.
Ele dirigiu uma das cenas mais emblemáticas do cinema moderno – o polêmico estupro em “O Último Tango…” protagonizada por Maria Schneider e Marlon Brando – que de uns anos pra cá passou a ser considerada como “inapropriada” em Hollywood.
O motivo da discórdia está no vídeo de uma entrevista antiga de Bertolucci, que ressurgiu em 2016, e no qual o diretor revela que não avisou Schneider sobre o que estava por vir nos sets do filme. “Eu esperava uma reação de menina dela, e não de mulher”, ele explica na gravação. (Por Anderson Antunes)