Já ouviu falar do Quibi? Se ainda não, se prepare, porque o aplicativo americano que promete se tornar a Netflix dos smartphones já tem data para ser lançado: 6 de abril. Idealizado em 2018 por Jeffrey Katzenberg, um dos maiores nomes dos bastidores de Hollywood (ele é o “K” da DreamWorks SKG, estúdio que co-fundou em 1994 com Steven Spielberg e David Geffen), o Quibi já nasce com caixa de gigante – US$ 1,1 bilhão (R$ 4,8 bilhões) para serem investidos só nesse ano – e sob o comando de uma das mulheres de negócios mais respeitadas do mundo, Meg Whitman. Ex-CEO do eBay e da Hewlett Packard Enterprise e dona de uma fortuna de US$ 3,9 bilhões (R$ 17,1 bilhões), a maior parte em ações do site de e-commerce que ajudou a transformar na potência que é hoje, ela também é uma das donas do Quibi. E é, acima de tudo, uma expert conhecida por não ser alguém que entra em qualquer aventura e muito menos com más companhias.
Esse sentimento de fazer parte de um time vencedor será fundamental para Whitman e toda a equipe que se subordinará à executiva no Quibi, que ainda é visto com certa incredulidade por gente da indústria de entretenimento de Los Angeles e com muita desconfiança por analistas de Wall Street. Tudo por conta da proposta básica do app, que planeja oferecer séries, documentários, reality shows e afins para seus assinantes e exclusivamente pelo celular, e nenhum desses programas que farão parte de seu cardápio terá mais do que 10 minutos de duração – daí o nome Quibi, que vem de “quick bites”, que nesse caso se traduz como “espiadinhas” ou algo nesse sentido.
Chrissy Teigen e Steven Spielberg toparam produzir atrações para a plataforma móvel de streaming, e a do diretor se chamará “Spielberg After Dark” e só poderá ser assistida de noite. Zac Efron e seu irmão Dylan vão estrelar uma outra chamada “Kill the Efrons”, que nada mais é do que um reality show no qual os dois arriscarão suas vidas, literalmente, nos lugares mais inóspitos do planeta. O Quibi terá ainda em seu portfólio a série dramática “Frat Boy Genius”, sobre o Snapchat e seu co-fundador mais famoso, Evan Spiegel, e a série documental “Fierce Queens”, que mostrará a história natural sob uma perspectiva feminina. Se o público vai se contentar com esses “mini shows”, é outra história…
Com mensalidades que ficarão entre US$ 4,99 (R$ 21,87) e US$ 7,99 (R$ 35), sendo essa última mais cara porque garante um serviço livre de anúncios comerciais, o Quibi conta com investidores do porte da The Walt Disney Company, NBCUniversal, Sony Pictures, WarnerMedia, Liberty Global, ViacomCBS e até dos chineses do Alibaba Group. À parte a primeira e a segunda, que já têm seus próprios serviços de streaming (o Disney+ e o Hulu, respectivamente), todas as outras ainda não entraram para valer no segmento que está mudando radicalmente a forma como as pessoas consomem conteúdos roteirizados. Dinheiro para mostrar a que veio não lhe faltará, assim como gente competente para indicar o caminho certo a ser seguido, sobretudo nas tempestades. E se tudo sair como o planejado, o Quibi estreará na bolsa em 2021 ou 2022. Mas qual vai ser o final dessa nova trama hollywoodiana que promete, só mesmo o tempo dirá. (Por Anderson Antunes)