“Me sinto viva”, diz a make up artist Maxi Weber sobre processo de transição

Foto: Divulgação

Prestes a completar 50 anos, agora em julho, Max Weber – um dos mais importantes maquiadores do Brasil – tem chamado atenção nas redes sociais e nos eventos onde circula com um novo “layout”, mais feminino. Ele também mudou discretamente o nome e agora atende por Maxi, com pronome feminino. O motivo da mudança é ela está em meio à transição para o sexo feminino. 

Nascida na Paraíba, Maxi Weber começou sua carreira na moda em São Paulo aos 14 anos. Autodidata se destacou na profissão muito cedo e logo seu nome já estava sendo disputado por fotógrafos, modelos e celebridades, como Naomi Campbell, Tais Araújo, Cara Delevingne, Lenny Kravitz , Marc Jacobs, só para citar alguns. Suas makes maravilhosas batem ponto nas principais revistas de moda e campanhas publicitárias do Brasil, e em publicações internacionais, como Vogue América, L’Officiel Paris, Vanity Fair. A lista é grande. Sem contar o reconhecimento através de prêmios de autoridade. 

Em conversa com GLMRM, Maxi fala sobre as dores e delícias da nova fase e como a transição de gênero a tem ajudado ainda mais no seu crescimento profissional.

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Sempre fui “a” Maxi Weber

Maxi Weber sempre teve seu lado feminino aflorado, presente. E essa forma de ver e viver a vida  a acompanhou desde de criança. Segundo ela, a transição já estava nos seus planos, mas por questões familiares acabou sendo adiada. “Essa vontade retomou como propósito a partir do momento que conquistei a minha independência financeira”, diz. Dona de uma personalidade forte e mente criativa, a make up artist aproveitou a verve despretensiosa do mercado da moda para realizar seu sonho, mesmo já vivendo como um homem gay. A Maxi que existia dentro dela era figura emblemática em algumas aparições esporádicas nos eventos de moda. “A Maxi sempre esteve presente, nos editorais, nas capas, dos desfiles e nas festas”, diz.

Me sinto viva

Refletir se esse realmente era o caminho a seguir aconteceu durante o isolamento por causa da pandemia. As discussões sobre o assunto já eram divididas com os amigos mais próximos e outros profissionais da área. “Demorei um pouco para encontrar esse sinal, mas numa conversa com Giovanni Frasson (editor de moda) e com o fotógrafo JR Duran, me encontrei. Hoje posso dizer que me sinto viva!”.

Linda, leve e solta!

Há anos Maxi investe na arte de maquiar e pentear. “Criei minha própria técnica e consigo projetar uma imagem conforme a luz, a sombra e enxergar como esses efeitos podem se destacar no resultado final”. Essa expertise, segundo ela, ficou ainda mais evidente após a transição: ” A transição tem me ajudado muito porque essa energia que estava guardada era como uma prisão. Agora me sinto mais leve, linda e solta.  Eu sei que a agora posso ir muito além do que alcancei”. 

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Preconceito

Para quem cresceu nos anos 1980, quando o preconceito era ainda maior, o momento atual foi um divisor de águas nesta nova fase da maquiadora. “O preconceito ainda existe, as pessoas têm interesses diferentes e penso que devemos seguir com o que temos de melhor. No meu caso, é o meu trabalho. Coloquei toda a minha energia feminina no meu trabalho. Abdiquei da minha vida para conseguir me tornar uma das principais beauty artists e hair stylists do Brasil”.

Hormonização

Dormir bem, alimentar o corpo e o espírito são os caminhos que Maxi encontrou para manter sua saúde emocional. Além é claro, de ter o apoio familiar. “Acredito que a hormonização (tratamento com hormônios para que a pessoa transgênero ficar mais à vontade com seu corpo) é uma decisão com que temos que aprender a lidar e inspirar”. Para aqueles que desejam trilhar o processo de transição Maxi enfatiza: “Fique firme e entenda quem você é e como pode contribuir para termos uma sociedade melhor. Qual é o seu super poder? O autoconhecimento, a auto aceitação, e o trabalho são essenciais para uma mente calma, tranquila e segura”, finaliza.

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