O MASP se prepara para inaugurar no dia 29 de junho a exposição mais ambiciosa de sua história – “Histórias afro-atlânticas”, que vai ocupar, além de todos os espaços do museu, o Instituto Tomie Ohtake. Trata-se de um desdobramento da mostra “Histórias mestiças”, realizada em 2014, no Tomie Ohtake, com curadoria de Adriano Pedrosa e Lilia Schwarcz, que também vão assinar esse novo trabalho só, que desta vez, em parceria com Ayrson Heráclito, Hélio Menezes e Tomás Toledo.
“Histórias afro-atlânticas” vai reunir 400 obras de mais de 200 artistas. As peças foram emprestadas por algumas das principais coleções particulares, museus e instituições culturais do mundo, entre eles, 0 Metropolitan Museum de Nova York, a National Gallery of Art, de Washington, e a National Portrait Gallery e o Victoria and Albert Museum, ambos de Londres.
“É a produção mais arrojada e ambiciosa que já fizemos até agora”, falou Heitor Martins, presidente do MASP, ao Glamurama. “Temos obras vindas de mais de 40 museus internacionais e estamos muito entusiasmados.” Sobre a repercussão esperada, ele completou: “O MASP cumpre seu papel de colocar em discussão os principais temas da sociedade. A gente vê a questão racial como tema presente no dia a dia das pessoas e essas exposições mostram a sintonia do museu com o que está acontecendo no mundo. De certa forma, enriquece o debate mostrando como esse assunto é tratado em diversos países, em diferentes momentos e por diversos artistas.”
O debate central da exposição será a relação das Américas com o continente africano e todos os processos imigratórios, a escravidão e a influência do negro na cultura do continente, colocando o Brasil como um território chave nessas histórias. Só para lembrar, o nosso país foi o último a abolir oficialmente a escravidão, em 1888, por meio da Lei Áurea, que completa neste mês 130 anos, e recebeu cerca de 40% dos africanos que ao longo de mais de 300 anos foram tirados de seus países para serem escravizados desse lado do Atlântico.
A exposição terá núcleos temáticos. No MASP estarão: Mapas e Margens; Vida Cotidiana; Festas e Religiões; Retratos; Modernismos afro-atlânticos; Rotas e Transes: África, Jamaica, Bahia; e no Instituto Tomie Ohtake: Emancipações; Ativismos e Resistências. Em cada núcleo será valorizado os diferentes movimentos artísticos, geografias, temporalidades e materialidades, sem compromisso cronológico, enciclopédico ou mesmo retrospectivo. A ideia é oferecer um panorama das múltiplas narrativas de cultura, símbolos e arte que serão representadas em imagens vindas da África, da Europa, das Américas e do Caribe.