As turmas da arte e da moda se reuniram nessa segunda-feira no MASP para uma noite especial: jantar de lançamento do projeto MASP Moda, que busca resgatar o vínculo que o museu mantém com o universo fashion desde seus primórdios. Breve explicação: essa relação começou em 1951, quando o MASP foi um dos primeiros museus a receber um desfile da maison francesa Christian Dior. Na década seguinte, outro momento histórico envolvendo as costuras: o desfile MASP e Rodhia, que uniu artistas plástico e estilistas na criação de looks que pertencem ao acervo da instituição. São peças assinadas por nomes como Salvador Dalí (foto acima), que só há três anos foi exposto pela primeira vez ao público.
Quase 60 anos se passaram desde sua última expansão. Depois de colocar a casa em ordem e superar uma intensa crise financeira, que estourou em 2015, o MASP está pronto para voltar ao assunto. Para isso, reuniu alguns importantes players de São Paulo com o objetivo de angariar fundos para a primeira parte do projeto, que mira em referências como o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, e seu Costume Institute.
“O Metropolitan incorporou a moda como um dos pilares de seu acervo e tem uma atividade continua, presente e marcante, uma contribuição relevante nessa área”, comentou Heitor Martins, presidente do MASP, ao Glamurama. “A gente olha tudo isso e imagina que o MASP poderia exercer o mesmo tipo de influência e ter o mesmo papel aqui no Brasil, explorando de uma maneira sistemática e legítima essa relação entre arte e moda. Não tem nenhum museu que faz isso no país”.
Ao perguntarmos se a ideia era criar um evento nos moldes do Met Gala, que mobiliza celebs e modelos do mundo todo, Martins ponderou: “Ainda estamos em fase de experimentação, vamos ver como vai se desenvolver ao longo do tempo.”
Juliana Sá, diretora do MASP e integrante do conselho de arte latino-americana do Met Brower, um braço do Metropolitan, endossa a ambição do projeto: “O Met começou assim, como uma sementezinha, e hoje é o gala mais importante do mundo, com o maior acervo de moda do mundo, e a gente não tem nada que chegue aos pés na América Latina, quanto mais no Brasil.” Ciente do caminho a ser percorrido, completa: “Pra que a gente possa ser levado a sério nessa área como o Met é, precisamos apresentar esse nosso viés de moda e deixar muito claro a necessidade de parceiros… trazer pra perto grandes players e formadores de opinião.”
Primeira providência para conquistar relevância no assunto é aumentar o acervo. Para isso, o MASP convidou artistas e estilistas para criarem juntos cerca de 100 novos looks – por enquanto, apenas 10 estão em andamento, entre eles, um vestido de noiva assinado pela dupla Leda Catunda e Marcelo Sommer, tudo acompanhado de perto por Adriano Pedrosa, curador do museu. Outro passo importante é coletar um acervo que possa contar a história da moda brasileira desde a década de 1960.
Amalia Spinardi, uma das patronas do MASP e designer da marca Jo de Mer, é quem fará o link do museu com a moda, trazendo projetos ligados ao tema.
Vestido criado por Nelson Leirner que integra o acervo de moda do MASP || Créditos: Paulo Freitas